A Notícia – Como o senhor analisa a situação do setor têxtil?
Livino Steffens – O nosso setor, como outros, também encolheu. Tínhamos 17 mil trabalhadores. Hoje, somos 6 mil. No ano passado, a Douat Têxtil e a Indústrias Colin fecharam. Ao longo das últimas décadas, fecharam a Martric, a Malharia Manz, a Malharia Nerisi, a Malharia Iracema, a Centauro, a Bozler e a Lumière. Hoje, a Döhler/Comfio e a Lepper representam 80% do total.
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AN – Como o senhor enxerga a negociação com os empregadores?
Steffens – A negociação, naturalmente, é difícil. Pedimos inflação mais 5% de aumento real. E o piso de três salários mínimos nacionais. A data-base é 1º de fevereiro. Há 80 cláusulas em discussão, entre sociais e financeiras. Neste sábado, haverá assembleia de trabalhadores para dizer se aceitam o que os empregadores nos propõem.
AN – Diante de um quadro recessivo como este, de que forma agir?
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Steffens – Em 2015, acertamos com duas empresas a redução de salários e da jornada de trabalho. Essa é uma alternativa adequada para segurar o nível de emprego.
AN – E o desemprego?
Steffens – O desemprego, no geral, pode aumentar. No ano passado, foram demitidos 600 empregados, além das duas têxteis que fecharam. Há dois anos, o setor têxtil também passa por dificuldades em Gaspar, Brusque e Blumenau. Tem de haver uma mudança geral na política econômica.
AN – O trabalhador está querendo se qualificar?
Steffens – A qualificação do trabalhador está abaixo do ideal. E abaixo do necessário.
AN – Há algum tempo, a importação de produtos têxteis tirava o sono da indústria e dos sindicatos. E agora?
Steffens – A questão da importação de mercadorias chinesas não é mais um grande problema. Era mais grave há cinco anos. Hoje, essa situação está mais absorvida.
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