Ao retornar à ancestralidade voltamos à nossa humanidade, o que há de comum em todas as pessoas. Tellüs significa barro em latim e é o ponto de partida para pensar esse material de diferentes maneiras: escultura, livro-imagem, vídeo-performance e registro fotográfico.

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Inspirada por vídeos que exaltam essa ligação entre o homem e o barro, Betânia Silveira estudou a relação entre o artista e a matéria para sua pesquisa de doutorado em Teatro na Udesc. O resultado são as obras apresentadas na mostra Tellus.

O início da exposição resgata as performances Amuletos da Prosperidade e Aceita o Presente?. A primeira é um registro fotográfico de uma ação realizada na praia. A segunda é composta por fotos feitas pela artista no Centro de Florianópolis, captando as reações dos pedestres diante de sua proposta. Na mostra, as cadeiras e o guarda-sol utilizados em Aceita o Presente? ficam próximos às imagens, permanecendo como um diálogo entre passado e presente, fora e dentro.

Argila é memória, tanto no fazer dos antepassados que é resgatado, quanto na presença da artista que é evidenciada na força e intenção das obras. Esse é o espírito de Talismãs, um conjunto de pequenas esculturas em que Betânia dialoga com a individualidade e a coletividade. São quase 1.100 peças, com processos de fabricação diferentes, refletindo sobre o que em nós é semelhante e o que nos difere.

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Há ainda duas vídeo-performances. Em Tellus 1, ela explora o corpo e seus movimentos, criando imagens associadas ao barro. Em Tellus 2, interage com 58 quilos de argila em um retângulo de 1,58m de comprimento, delimitado por um pano branco – as medidas correspondem aos seus peso e altura -, às vezes dominando e outras sendo dominada, em um exercício constante de embate e cooperação.

Análise de Fernando Boppré

>> Tellus 1 mostra que aquilo que era movimento e pragmático, uma ferramenta para chegar a uma obra, vira a obra em si.

>> A artista dialoga com as artes visuais, a antropologia, o teatro, a história.

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>> As civilizações arcaicas já utilizavam a cerâmica como utilitário e propósito estético.

>> Há a generosidade de mostrar para o visitante o processo e o resultado da obra. Porém a performance Aceita um Presente? funciona melhor na rua do que no museu

Agende-se

O quê: primeiro ciclo do edital de Exposições Temporárias do Masc, com Tellus, de Betânia Silveira (SC); E o Silêncio Nagô Calou em Mim, de Denise Camargo (DF), À Beira do Vazio, de Fernanda Valadares (RS); e Desiderium, de Rosana Mariotto (SP)

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Quando: até 23 de novembro. De terça a sábado, de 10h as 20h30min; domingos e feriados, das 10h as 19h30min

Onde: Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), no CIC (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)

Quanto: gratuito

Informações: (48) 3664-2630