No programa do último domingo, 16, o apresentador Faustão estimulou uma de suas convidadas a falar sobre o massacre da escola Sandy Hook, que aconteceu na sexta-feira, 14, na cidade de Newtown, estado de Connecticut, nos Estados Unidos. Em sua fala, a psicóloga Elizabeth Monteiro tenta explicar as ações do autor do atentado, Adam Lanza, falando sobre a possibilidade de o jovem ser um psicopata.
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– É difícil a gente concluir as coisas assim, com poucos dados, né? – ressalta, ao ser questionada pelo apresentador.
Mas Elizabeth menciona também a possibilidade de Adam possuir Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. A entrevista e a associação da Síndrome de Asperger a características violentas causaram a indignação de várias mães de crianças com algum tipo de autismo. Entre elas, Andréa Werner Bonoli, que chegou a escrever uma carta à emissora Globo e ao programa, enumerando, segundo ela, vários pontos em que Elizabeth comete equívocos.
Confira o vídeo da entrevista, na íntegra.
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No documento, publicado em seu blog pessoal, Andréa explica que “não há nenhuma evidência científica de que autismo ou Síndrome de Asperger estejam relacionados a comportamento violento” e ressalta que não há evidências ligando Adam Lanza a tais condições. Consultada pela redação da Hora de Santa Catarina, a psicóloga Néli Telles D’Ajello, mestre e especialista em psicologia clínica (CRP 12/00190) e dirigente do Sindicato de Psicólogos de Santa Catarina, afirma ser impossível fazer um diagnóstico à distância.
– Em primeiro lugar, há poucos dados para acharmos qualquer coisa. Ninguém tem certeza se ele tinha realmente Síndrome de Asperger, nem que sofria de algum transtorno. O que se sabe, apenas, é que ele matou as pessoas e que se matou. As razões permanecem um mistério. Acredito que o equívoco aconteceu porque ela tratou o tema de forma leviana. Não disse nenhuma grande besteira, descreveu características de coisas diferentes, mas foi rápido e deixou o assunto aberto a interpretações.
Movida pelas críticas, Elizabeth Monteiro tentou publicamente uma retratação, utilizando-se de sua página no Facebook.
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– É realmente um infeliz desastre, se isso foi entendido da forma que os muitos comentários postados aqui afirmam que foi. Somos responsáveis por aquilo que dizemos, mas nem mesmo ao mais impecável orador é garantido o controle sobre o que as pessoas possam vir a entender, interpretar ou mesmo transformar suas palavras – afirma.