Uma operação contra um grupo suspeito de fazer telentrega de drogas na região de Porto Alegre foi desencadeada na manhã desta quinta-feira (24) pela Polícia Civil. Há mandados sendo cumpridos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Os alvos são integrantes de uma facção criminosa que vendia drogas sintéticas como ecstasy, MDMA, LSD, e maconha contrabandeada do Uruguai. As informações do GZH.
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De acordo com a investigação, mais de R$ 1 milhão em dinheiro, obtido com o tráfico em sete meses, foram lavados pelo grupo por meio de depósitos bancários em nome de laranjas. Os suspeitos também adquiriram empresas de fachada, motos aquáticas e carros de luxo. Eles também são investigados por comprar imóveis em construção, para depois revendê-los.
Ao todo, 23 mandados de prisão são cumpridos nesta quinta-feira, sendo que três deles são de pessoas que já estão no sistema prisional, além de 23 de busca e apreensão. A operação, batizada de The Office, é realizada em cinco cidades gaúchas — Porto Alegre, Viamão, Canoas, São Leopoldo e Cachoeira do Sul — e três municípios catarinenses: Florianópolis, Palhoça e Passo de Torres.
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Até às 7h, 16 pessoas foram presas, entre elas uma gerente de uma agência bancária. A operação é coordenada pela 2ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
De acordo com o delegado Wagner Dalcin, a operação de telentrega de drogas é uma das maiores da Região Metropolitana de Porto Alegre. Um dos investigados, inclusive, é considerado o líder do esquema e está associado a uma facção criminosa. A maioria dos compradores dos entorpecentes é pessoas de classe alta ou classe média.
— E, por meio de uma lista com nomes e telefones de milhares de clientes assíduos durante o ano inteiro, vimos nomes de centenas de universitários e vários professores, além de profissionais da área da saúde —ressaltou o delegado em entrevista a GZH.
As negociações ocorriam por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, enquanto os pagamentos eram feitos por meio do Pix. A droga era encomendada de Santa Catarina, enquanto a maconha, que era revendida como a “flor” ou “camarão” era derivada do Uruguai — cada grama custa mais de R$ 50.
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Ainda segundo a polícia, um dos investigados alternava residência entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, algumas das contas bancárias investigadas eram de catarinenses — uma delas chegou a receber R$ 170 mil no último ano. A suspeita é de que o dinheiro fosse usado para pagar fornecedores ou para investimentos no ramo imobiliário.
Conforme a polícia, as investigações iniciaram em outubro do ano passado, após a prisão de um suspeito que transportava drogas sintéticas em um carro. Depois da denúncia, a equipe passou a monitorar a rota utilizada pela facção entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e localizou o homem. Dentro do veículo, na época, foram localizados 120 comprimidos de ecstasy, avaliados em R$ 40 mil, além de uma pistola calibre 9 milímetros.
Contas bloqueadas
Na ação desta quinta-feira, também foram bloqueadas 27 contas bancárias e apreendidos dez veículos e imóveis. Além do líder do esquema, foram identificados vendedores e operadores financeiros.
Segundo o delegado, só o comandar o grupo lucrou mais de R$ 1 milhão nos primeiros sete meses do ano. Além de revender para compradores individuais, ele também fornecia para festas realizadas na região de Porto Alegre. O lucro, segundo a polícia, era revendido em várias partes.
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A investigação também comprovou que com o dinheiro o grupo adquiriu uma empresa de fachada, além de duas motos aquáticas e quatro veículos de luxo, incluindo blindados. A polícia ainda apura operações em que o grupo revendia veículos na fronteira com o Paraguai.
— Este era outro ramo da lavagem de dinheiro deles. A ideia era injetar dinheiro na compra de vários imóveis na planta para ter um lucro ainda maior com a venda dos empreendimentos. Esta foi uma foi uma investigação policial técnica, minuciosa e complexa, visando a identificação dos membros organizados e com grande poderio financeiro, constituindo um verdadeiro “empreendimento” criminoso voltado ao narcotráfico, atendendo clientes de classe alta e média, principalmente de Porto Alegre — destaca o diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro.
Os nomes dos presos não foram divulgados. Eles são investigados por associação criminosa, tráfico de drogas e lavagem de capitais. A investigação continua a fim de identificar outros envolvidos no esquema.
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