A imagem de uma agricultora ordenhando manualmente uma vaca para encher um balde é uma cena cada vez mais rara. Em boa parte das propriedades de Santa Catarina, o leite já é “encanado” do animal para o resfriador.
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O líquido é tirado das vacas pela ordenhadeira, passa por canos até um recipiente de acrílico e segue para o resfriador. Ali, após três horas, o leite passa de uma temperatura de 36º C para 2,5º C.
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A ordenha não é feita mais em estrebarias de tábua, e sim em salas de ordenha, com paredes com azulejo. As tetas da vaca não são lavadas apenas antes do processo, mas também é colocado um produto de proteção após a ordenha, para evitar a ação de potenciais agentes de doença quando o animal está no campo.
E um novo incentivo para isso é o pagamento por qualidade, que está sendo adotado por alguns laticínios. De acordo com o analista de mercado do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Francisco Heiden, as indústrias estão pagando de três a quatro centavos a mais para os produtores que adotam práticas que melhoram a qualidade.
Qualidade no Oeste
Um exemplo é o produtor chapecoense Eron Baldissera, que passou a adotar as normas de manejo e higiene da Nestlé (DPA) e, com isso, ganha três centavos a mais por litro. Como Baldissera tem uma grande produção, isso representa R$ 75 mil a mais no final de um ano.
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Na cabanha Rialex, da Família Lunardi, em Chapecó, os funcionários também estão seguindo uma cartilha que orienta os serviços, desde a limpeza das salas e equipamentos até a limpeza da caixa d’água. Isso porque não adianta limpar o ambiente se a água estiver contaminada.
As vacas recebem até fitinhas de indicação. Fita vermelha indica animal que recebeu medicação. Fita amarela indica que o leite ainda é muito novo (colostro). E fita azul indica as vacas que estão secando. Tudo o que ocorre durante a ordenha deve ser anotado numa espécie de diário.
– A gente já adotava muitas práticas, mas agora tudo tem que ser registrado – compara Eliane da Silva, uma das funcionárias da Rialex.
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A Aurora também está desenvolvendo um programa de qualidade do leite. De acordo com o analista Francisco Heiden, essas práticas vão resultar em um produto mais saboroso. Ele alerta que não há problema em consumir o leite que hoje é vendido no supermercado. No entanto, devido à qualidade inferior, é necessário aumentar a temperatura da pasteurização, de 70º C para 140º C.
– Isso altera o sabor e o cheiro do leite, que perde qualidade – afirma.
Além disso, o leite estraga mais rápido. Um leite brasileiro estraga em três ou quatro dias na geladeira, se não for consumido. Nos Estados Unidos, dura de 10 a 12 dias.