Foram pequenos pulsos emitidos pela aeronave e captados via satélite que possibilitaram a afirmação feita pelo governo da Malásia nesta segunda-feira, de que o voo MH 370 caiu no Oceano Índico. Esses “sinais vitais” do avião foram analisados com cálculos inéditos feitos pela empresa britânica de satélites Inmarsat e pelo Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos britânico (AAIB, na sigla em inglês).

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O sistema chamado Classic Aero enviou por cinco horas pulsos para o satélite da empresa Inmarsat, mesmo tendo o sistema ACARS (Aircraft Communications Addressing and Reporting System), que envia dados precisos sobre a localização da aeronave, desligado no início do voo, segundo o jornal Sydney Morning Herald.

No caso do avião da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009 na rota Rio de Janeiro-Paris, em uma região não coberta por radares, foram 29 ACARS emitidos pela aeronave que permitiram a localização dos destroços. A diferença, porém, foi o fato de os ACARS do voo da Air France conterem informações mais precisas sobre o voo. No Boeing da Malaysia, essa leitura não foi possível.

Sem os dados de voo, esses pulsos eram como um simples “olá” de tempos em tempos, comparou o Sydney Morning Herald. Mas o tempo e a frequência desses “olás” continham pistas matemáticas que permitiram a afirmação de que o avião voou para o sul do Oceano Índico e não para noroeste, como indicavam os últimos sinais de radar.

A Inmarsat olhou para o chamado “efeito Doppler” – leves mudanças na frequência dos pulsos captados pelo satélite, causado pelos movimentos do satélite e do avião. Algo como a variação no som de uma sirene de polícia de acordo com a movimentação do veículo.

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Essa análise permitiu que a empresa mapeasse os dois enormes corredores – que abarcavam boa parte da Ásia e parte da Oceania – como possível localização.

Segundo o Sydney Morning Herald, essa informação, combinada com a velocidade conhecida do avião, levou as buscas a ser feitas no Índico, enquanto a Inmarsat buscava mais desdobramentos dos dados por satélite. A nova análise constatou que a rota norte não se correlacionava exatamente com a frequência dos pulsos emitidos pelo avião, sugerindo que a aeronave estava no sul e, também, que o avião viajou boa parte de sua trajetória a uma altitude de cruzeiro acima de 30 mil pés.

Eles compararam os dados de satélite com outros dados de voos de Boeings da Malaysia para estabelecer um modelo de voo.

– Realmente, foi um tiro no escuro- afirmou o vice-presidente da Inmarsat Chris McLaughlin em entrevista à rede britânica BBC.

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