A missão russa em visita a Santa Catarina inspecionou, nesta segunda-feira, três propriedades de criadores de suínos nos municípios de Itapiranga, São João do Oeste e Iporã do Oeste.
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A expectativa, além de dobrar a venda de carne suína para a Rússia (de 24 mil toneladas no primeiro semestre, o equivalente a US$ 70 milhões), é de que os técnicos habilitem novas plantas frigoríficas para exportar o produto.
Por enquanto, apenas dois frigoríficos exportam para o país, que chegou a comprar 76% das exportações catarinense em 2005, num volume de 198 mil toneladas, representando US$ 386 milhões. No final daquele ano, focos de aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, provocaram o embargo russo a SC, por ser estado vizinho ao PR. As exportações caíram para 36 mil toneladas no ano seguinte. A situação foi ainda pior em 2007 e 2008, com vendas de 12 mil e 11 mil toneladas respectivamente.
A vinda de uma nova missão deixou as lideranças do setor otimistas em relação a possibilidade de SC habilitar mais plantas frigoríficas do Estado. Os russos Arten Medvedev e Dmitry Kosokoz visitaram a unidade de Rio do Sul do frigorífico Pamplona (cuja unidade de Presidente Getúlio é uma das duas habilitadas). Nesta segunda-feira, eles inspecionaram as granjas de suínos e, na terça-feira, hoje vão conhecer a Marfrig de Itapiranga. A unidade de Seara da empresa é o segundo frigorífico já habilitado a exportar para Rússia.
Os técnicos farão um relatório que será encaminhado ao governo brasileiro apontando se as unidades estão em conformidade com os pré-requisitos para exportação. Quarta-feira, eles viajam para o Paraná.
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“Acreditamos que eles habilitem mais plantas”
Márcio Tobero, fiscal federal do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, está acompanhando a equipe de técnicos russos em visita ao Estado e concedeu entrevista
ao DC. Confira a seguir:
Diário Catarinense – Os russos vão habilitar novas plantas para exportação de carne suína de SC?
Márcio Tobero – A missão não vai avaliar a habilitação planta por planta. Eles estão verificando o sistema oficial de fiscalização, equivalência com a união aduaneira e a exigência dos certificados sanitários. Também estão vendo o respaldo que as empresas dão para a certificação sanitária e inspeção federal. Mas eles podem habilitar outras plantas, como podem não habilitar. E também há um risco de suspensão de plantas que já exportam. A avaliação é geral.
DC – A expectativa é de que aumentem as unidades exportadoras?
Tobero – Sim, acreditamos que eles habilitem mais plantas.
DC – SC leva alguma vantagem por ter certificado de zona livre de aftosa sem vacinação?
Tobero – SC tem uma vantagem na busca de mercados mais exigentes como a União Europeia, EUA e Chile.
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DC – Para a Rússia, a certificação não é uma vantagem?
Tobero – A Rússia compra também de outros estados.
DC – O que a missão avalia?
Tobero – Eles têm uma exigência alta. Estão avaliando resíduos microbiológicos, químicos e toxicológicos. Para verificar se não há metais pesados na carne. Além dos frigoríficos, visitam as criações de suínos.
DC – Qual a impressão deles?
Tobero – Ainda é cedo para ter uma posição. Podemos ter uma avaliação mais global na sexta-feira, quando haverá uma reunião de encerramento, em Brasília.