Nesta quinta-feira, a partir das 8h30, técnicos do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ), vão visitar a comunidade do Morro do Amaral e fazer levantamento sobre as espécies de cará presentes na região, sua relação com o ecossistema e a possível representatividade que o tubérculo possui para a comunidade local.

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O interesse pela pesquisa surgiu porque, em 2007, a Universidade de São Paulo (USP), identificou no cálculo dentário de um indivíduo sambaquiano, sepultado no sambaqui Morro do Ouro, resíduos de amido de cará, o que indica que o tubérculo era consumido como alimento por aquela população.

— Na arqueologia, se sabe pouco sobre o consumo de plantas para fins comestíveis. Elas eram usadas em cestarias, utensílios, mas pouco se sabe sobre elas na alimentação — explica a bióloga do MASJ, Dalzemira Anselmo Souza.

Além de investigar se o cará era um produto consumido pelo povo sambaquiano que habitou a região de Joinville, a equipe do Museu de Sambaqui tem o objetivo de descobrir a origem das variedades dos tubérculos que podem existir no território.

Outro aspecto relevante da pesquisa, é descobrir se a comunidade do Morro do Amaral identifica o cará como parte da vegetação nativa do local e se conhece seus os valores e propriedades nutritivas. A bióloga explica que Joinville é um dos maiores produtores de cará de Santa Catarina.

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— Queremos trabalhar com a comunidade no sentido de que valorizem as nossas plantas nativas. Do ponto de vista científico, nossa ideia é produzir uma coleção de referências do cará, tanto com material inteiro como, também, em lâminas microscópicas para identificação dos restos vegetais encontrados nos sítios arqueológicos.

A visita da equipe do Museu de Sambaqui ao Morro do Amaral será acompanhada pelo professor de Etnobotânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nivaldo Peroni.