Técnicos da União Europeia já estão no Oeste de Santa Catarina, onde vão vistoriar frigoríficos de aves até sexta-feira. São dois veterinários acompanhados de intérpretes que fazem parte de uma missão, dividida em três grupos, que vão visitar os estados de Goiás, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina.

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— A auditoria tem dois objetivos: obter mais esclarecimentos sobre os desdobramentos da Carne Fraca e realizar a auditoria anual de rotina, que garante a renovação da habilitação dos frigoríficos brasileiros para exportarem à União Européia — disse o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luís Rangel.

Depois de uma reunião em Brasília, na terça-feira, uma dupla de veterinários veio para Santa Catarina. Na manhã desta quarta-feira eles tiveram uma reunião no Ministério da Agricultura. De acordo com uma fonte ligada ao ministério, o encontro foi tranquilo. Os europeus questionaram sobre alguns procedimentos de controle de fraude e sanidade. Santa Catarina teve apenas um frigorífico envolvido na Operação Carne Fraca, da empresa Peccin, de Jaraguá do Sul, que era uma filial do Paraná.

À tarde, os veterinários foram de táxi aéreo até Concórdia, onde pernoitaram. Na manhã desta quinta-feira eles vão a Capinzal, onde devem vistoriar a unidade da BRF. Depois, voltam a Concórdia e, na manhã de sexta-feira, devem vistoriar outra unidade próximo de Chapecó, da Aurora ou JBS. A JBS tem um unidade em Seara. A Aurora tem frigoríficos de aves em Guatambu, Xaxim, Quilombo e Maravilha.

A missão é encarada com tranquilidade pelas lideranças catarinenses.

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— São missões de rotina, eles devem conferir se estão sendo cumpridas as metas da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), a rastreabilidade, o sistema de abate e os produtos que estão sendo utilizados nas rações — destacou o secretário de Agricultura do Estado, Moacir Sopelsa.

O Ministério da Agricultura informou que a missão já estava marcada antes da Operação Carne Fraca.

O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa, disse que o setor vê com tranquilidade a vinda da missão.

— Estamos tranquilos com relação ao trabalho que vem sendo feito, o que pode acontecer é eles olharem mais alguns detalhes e ver as atitudes tomadas após a operação — explicou Gouvêa.

O objetivo é manter o mercado da União Européia, que representa 25% das exportações de frango e 36% das vendas de peru.

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Em abril, as vendas brasileiras de frango caíram 23%, e de suíno, 16%, principalmente em virtude da Operação Carne Fraca. O prejuízo supera US$ 500 milhões, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. Ricardo Gouvêa disse que em Santa Catarina a perda foi um pouco menor por ser o único Estado que exporta para países como o Japão.

Santa Catarina está na expectativa de outras duas missões. Uma delas, considerada a mais importante, é a da Coreia do Sul, que já foi adiada várias vezes e deve ser confirmada nos próximos dias. O objetivo é abrir o mercado de carne suína para o país asiático. Também está prevista para o primeiro semestre uma missão dos Estados Unidos. A Aurora Alimentos já exporta para lá.