Garagens pequenas, poucas vagas de estacionamento e muitos carros circulando pela cidade fazem com que as oficinas invistam em uma técnica de reparo legitimamente brasileira.
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Mais conhecida como martelinho de ouro, ela permite tirar pequenos amassados da lataria, causados ao sair da garagem do prédio onde se mora, e amassados maiores, como quando o carro fica exposto à chuva de granizo. Ambos podem ser consertados a partir da técnica, com a vantagem de o processo ser mais rápido e, na maioria das vezes, mais barato do que a tradicional funilaria e pintura.
Roberto Crestani, da Beto Martelinho, de Florianópolis, ressalta que a procura pelo serviço costuma ser maior em grandes cidades, devido à falta de espaço na hora de estacionar o carro, o que aumenta a chance de bater o veículo.
Apesar de o martelinho de ouro ser uma alternativa para quem quer economizar dinheiro e manter a garantia do carro – uma vez que não se mexe na pintura -, nem todos podem ser reparados pela técnica.
– Se a pintura do carro saiu no momento em que ele foi amassado, não se faz martelinho de ouro, mas sim funilaria e pintura – explica.
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A técnica atrai os clientes e também os proprietários das oficinas porque o investimento no serviço é relativamente baixo. Não se gasta muito com materiais e o retorno é bom pelo grande número de pessoas interessadas no serviço. E é justamente pela rentabilidade gerada às oficinas que o cliente deve ficar atento e questionar a qualificação dos funcionários que farão o trabalho.
-Muitas vezes, recebemos carros para consertar o trabalho mal feito em outras oficinas – diz Crestani.
Trabalho é artesanal e exige muita paciência
O empresário Alexandre Amaral, 35 anos, já conhecia o trabalho dos profissionais que consertaram a sua BMW três vezes. O carro sofreu pequenos amassados na porta traseira, no para-lama e no capô, todos causados dentro de estacionamentos. Dois dos serviços foram realizados na mesma semana.
-Levei o carro para a oficina e quatro dias depois apareceu outro amassado. Foi naquela semana que a gente está azarado – brinca.
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Adriano de Aquino fez o curso de martelinho de ouro há quatro anos porque percebeu que muitos profissionais estavam se qualificando no serviço. Foi na onda do mercado e se deu bem. Atualmente, chega a desamassar 10 carros em uma semana na oficina JC3, na Capital.
– Tem de ter paciência porque, às vezes, um amassado pequeno não leva nem um minuto para o conserto.
O processo
Para iniciar o reparo em um veículo amassado, o funileiro artesanal precisa de ferramentas de aço – moldadas de acordo com a necessidade -, secador térmico, lâmpada especial e, em alguns casos, lixas e materiais de polimento. O processo pode levar desde alguns minutos a até dois dias.
A primeira atividade é aquecer o local danificado com um secador térmico, deixando a pintura fique mais flexível. Em seguida, o profissional usa uma lâmpada fluorescente com capa de acrílico branco para identificar os pontos amassados no veículo. Se o amassado estiver “muito fundo” são usadas ventosas para nivelar o local.
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Depois começa o trabalho de empurrar a lataria para deixá-la lisa, geralmente com barras de aço inoxidável moldadas.