Em 160 anos de história, poucos acontecimentos foram capazes de calar o Teatro Carlos Gomes. A última vez, no período da Segunda Guerra Mundial, a obrigatoriedade de falar português desestimulou os entusiastas que se comunicavam em alemão. Agora, mais de oito décadas depois, um inimigo invisível silencia as vozes e sons que costumam preencher os espaços do teatro na Rua XV de Novembro, no Centro da cidade. O coronavírus impossibilita as comemorações do aniversário da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes, mas não destrói um movimento que sobrevive e se transforma desde os tempos da colônia.
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Quando oficializada, em 24 de junho de 1860, a primeira sociedade do setor reunia colonos que buscavam na música e teatro momentos de diversão durante a construção da nova cidade. Eram amadores, que tinham o mais simples e sincero gosto pela arte. O primeiro teatro do município, o Frohsinn (alegria), na Rua das Palmeiras, onde atualmente fica o centro administrativo da Celesc, foi inaugurado em 1896 com a peça “Uma Ideia Maluca”, de Karl Laufs, escolhida como resposta a quem considerava loucura o sonho de possuir um local como aquele em Blumenau.

A sociedade musical sempre andou junto à teatral, muitas vezes ganhando mais espaço. Não à toa, quando foi preciso escolher um nome brasileiro para o novo teatro por conta da campanha de nacionalização do então presidente Getúlio Vargas, optou-se por Carlos Gomes, o maior compositor das Américas no século 19, criador da inconfundível ópera “O Guarani”. A nacionalização proibia os imigrantes de falarem o idioma de origem em público, censurava jornais e obrigava a tradução dos nomes de comércios e empresas para o português.

Foi em meio a esse contexto que Blumenau entregaria parte do novo teatro, em 1939. À época, apenas a área externa, salão de festas e restaurante estavam prontos. Aos poucos, foi aumentando enquanto crescia como símbolo da cultura blumenauense. Foi palco da orquestra e o coro sob regência do maestro Heinz Geyer e tempos depois tornou-se também escola. Aí, unem-se as três frentes conhecidas até hoje: a dança, o teatro e a música.
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Confira fotos antigas do Teatro Carlos Gomes





