O Teatro Carlos Gomes completa 160 anos de fundação nesta quarta-feira. Maior palco da arte da cultura de Blumenau, o teatro sofre com as incerteza trazidas pelo novo coronavírus. Espetáculos foram cancelados, a programação de celebração foi ajustada e a institução trabalha para se adaptar ao cenário imposto pelo vírus.
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O Teatro Carlos Gomes está no coração de Blumenau. Em uma das ruas mais importantes para o comércio da cidade se impõe não só pela arquitetura, como pelas lendas que o envolvem e pelo que representa. Ele faz parte de um movimento quase tão antigo quanto à história do município. É a prova de que o gosto pela arte pulsava nas veias dos primeiros colonizadores que chegaram à região e fundaram a Sociedade Teatral, há 16 séculos.

Desde então muita coisa mudou, mas a Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes soube se adaptar aos novos tempos. Tornou-se escola sem deixar as grandes apresentações de lado. Abraça os amadores, como a primeira sociedade fazia, mas também recebe nomes importantes com toda a estrutura que possui. Um teatro que respira música, desde a praça “que canta” aos pedestres, passando pelas esculturas de bronze de Pedro Dantas até o vai e vem de alunos, funcionários e artistas, que juntos formam uma sinfonia única.
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Porém, nos últimos meses, um silêncio inesperado tem causado estranhamento a quem vive a rotina do teatro. A diretora Elisete Beck, que trabalha há 39 anos na instituição, diz que jamais imaginou que o aniversário ocorreria em meio a uma pandemia. O combate ao coronavírus afetou em cheio o mundo artístico.
– Esse é um dos momentos mais tristes, nunca passei por isso em todos esses anos de trabalho. É muito estranho não ver movimentação. Acho que não tem outra área que sofreu mais com a pandemia que a de eventos. Não adianta, o artista precisa do calor humano, algo que só se tem presencialmente. A cultura você sente – diz Elisete.

Neste primeiro semestre, dos quase 200 eventos programados, ocorreram 35. Apesar dos adiamentos e cancelamentos, o teatro ainda respira sem aparelhos, mas com a ajuda de cinco empresas parceiras que deram suporte financeiro através da lei de incentivo à Cultura (foram R$ 195 mil). Além disso, as mensalidades de alunos e de parte dos 241 sócios auxiliam a pagar as dívidas. Com a crise causada pela pandemia houve, em média, queda de 19% no número de inscritos nas aulas de dança, música e teatro.
– Precisamos ainda de mais empresas que contribuam este ano para ajudar a fechar melhor as contas. O aporte dessas empresas foi fundamental para o custeio em época de pandemia. Sem eles, não teríamos conseguido superar as dificuldades dos primeiros meses deste ano – revela o presidente voluntário do teatro, Ricardo Stodieck.
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Futuro incerto
Para driblar a queda drástica no orçamento, a gestão aderiu à Medida Provisória que permite a redução de jornada e salário dos colaboradores – diretamente, o teatro emprega 47 pessoas, além de dezenas de funcionários indiretos. Para Stodieck, o retorno das atividades é essencial para que o ano não termine no vermelho.
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Há uma previsão de que os eventos retornem com restrições no segundo semestre, conforme a evolução da doença em SC. A retomada dos cursos livres foi autorizada no final do mês passado. Assim, as aulas dentro do teatro voltaram nos últimos dias, mas há a opção on-line.
Para o secretário de Cultura de Blumenau, Rodrigo Ramos, a necessidade de estar virtualmente com o público ficará como lição da pandemia. Absorver essa nova realidade é e será um grande desafio, já que a emoção da arte se sente com o tato, com a aproximação. Porém, não é mais possível ignorar a importância da tecnologia.