A cantora Marjory Porto é vaidosa e faz questão de escolher o que vai usar a cada dia. Só precisa de uma mãozinha de um espelho grande, de preferência, e das pessoas ao seu redor para ter certeza de que está bonita e não vestiu nenhuma peça pelo avesso. Aos 29 anos ela tem entre 5 e 10% de visão apenas, o contratempos como errar o lado das roupas eventualmente ocorrem.

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Raras vezes a moda é pensada do ponto de vista inclusivo, e pessoas como Marjory ou com outras necessidades especiais precisam adaptar-se caso queiram ser fashionistas ou simplesmente se vestir sem improvisos. No primeiro Prêmio Catarinense de Moda Inclusiva, 13 estudantes e profissionais de moda de todo o Estado foram selecionados para apresentar looks criados exclusivamente para pessoas com algum tipo de deficiência. O desfile será nesta sexta, no Teatro Ademir Rosa, no CIC.

Cerca de 80 pessoas se inscreveram na premiação, realizada pela ONG Instituto Social Nação Brasil. O concurso, segundo a produtora cultural Jupira Dias, coordenadora de eventos da instituição, foi inspirado em projeto similar realizado em São Paulo.

– Geralmente pessoas que têm um braço amputado ou usam cadeiras de rodas, por exemplo, precisam adaptar as roupas que existem no mercado – observa ela.

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Por isso a proposta do prêmio é provocar o debate sobre moda diferenciada e acessível, incentivando o surgimento de novas soluções em vestuário para as pessoas com deficiência. No júri do concurso estarão nomes como Fernando Fernandes, atleta paraolímpico, modelo e ex-Big Brother Brasil; Ariel Goldenberg e sua esposa, Rita Pokk, protagonistas do filme Colegas; a psicóloga Karina Carvalho; e J. Moser, estilista radicado em Joinville. Os três primeiros colocados receberão o software Idea Creare, vale-compras e metragens de tecido.

Estética e funcionalidade

Para os inscritos o desafio ao criar moda inclusiva não é apenas a questão estética, mas a funcionalidade e praticidade de cada peça.

– Tem que ter muito conhecimento técnico para aliar as duas coisas – observa a designer de moda Neide Schutel.

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Ela desenvolveu peças para mulheres com baixa visão, cegas ou que apresentam deficiência mental.

– Pessoas cegas ou com baixa visão têm dificuldades em perceber qual a frente e o verso das roupas. Muitos botões também dificultam – comenta. Marjory Porto, que será uma de suas modelos, concorda.

– Tudo que tem que amarrar muito atrapalha.

Neide também trabalha o conceito de sustentabilidade em suas criações. A blusa, por exemplo, é feita com malha de algodão orgânico natural tingida com amoras silvestres, acabamentos com bordados e renda de bilro. A calça saruel é feita de malhão algodão reciclado.

– As peças podem ser usadas de qualquer lado, não tem avesso e direito, nem frente e costas. São feitas sem aviamentos para facilitar o vestir e o tecido de malha para ser prática e confortável.

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E foi pensando no conforto e principalmente no universo dos meninos que a estilista Mariani de Souza Silveira, a modelista Daiane Bianchin Fria e a costureira Edna do Nascimento criaram três looks infantis para portadores de Síndrome de Down. São roupas que qualquer outra criança usaria, com referências de super-heróis e muitas cores.

– Também trabalhei com partes do corpo humano e elementos que estimulam os meninos a mexer e a brincar, como fechos, botões e gravatinhas.

::: Agende-se

O quê: 1º Prêmio Catarinense de Moda Inclusiva

Quando: Sexta-feira, 18h

Onde: Teatro Ademir Rosa, no CIC (Av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)

Quanto: Gratuito

Mais informações: (48) 3953-2300