Construtoras envolvidas na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, por suspeita de desvios e outros crimes na Petrobras agora são alvo de nova investigação em negócios fechados com estatais. O Tribunal de Contas da União (TCU) está de olho em Sociedades de Propósito Específico (SPE) formadas pelo grupo Eletrobrás em parceria com companhias de engenharia.
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Apesar da participação estatal nessas sociedades, elas funcionam como empresas privadas. Por isso, o TCU só consegue fiscalizar os gastos realizados pelas empresas públicas nas sociedades, sem ter acesso a informações centrais do negócio. A investigação dessas SPEs da Eletrobrás é tida como uma prioridade pela corte de contas.
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Em acórdão no qual estabelece as principais fragilidades da estatal, ainda de 2011, o TCU destaca “a má gestão dos recursos públicos aplicados por meio de Sociedades de Propósito Específico“. No documento, ao qual o Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, teve acesso, o tribunal ressalta ainda “a falta de transparência na gestão de tais recursos“.
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Negócios específicos
As SPEs são um modelo de negócio no qual duas ou mais empresas unem recursos e tecnologia em torno de uma nova personalidade jurídica para desenvolver negócios específicos. Essas empresas têm características e obrigações próprias, independentemente dos seus sócios.
Furnas, por exemplo, possui 76 negócios do tipo – de um total de 150 em todo o grupo Eletrobrás – nas áreas de geração e transmissão de energia. A empresa de maior dimensão que tem Furnas como sócia é a SPE Madeira Energia, criada para gerir a hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, negócio compartilhado com a Odebrecht, investigada na Lava Jato.
Apenas em 2013, o grupo Eletrobrás investiu R$ 3,98 bilhões em projetos geridos em parcerias por SPEs. O dinheiro foi gasto, principalmente, nas hidrelétricas de Jirau (R$ 1 bilhão), Santo Antônio (R$ 700 milhões) e Belo Monte (R$ 900 milhões), na Região Norte do País, e Teles Pires (R$ 400 milhões), em Mato Grosso. Furnas participa de Santo Antônio e Teles Pires.
Em nota oficial, a Eletrobrás afirma que as SPEs são “importantes formas de alavancar investimentos privados em projetos estruturantes” e que elas “obedecem a todas as normas de governança da Eletrobrás e às melhores práticas de mercado“. Com a instituição desse tipo de sociedade, por meio da Lei 11.079, de 2004, foram atraídas para o setor de energia grandes empreiteiras.
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