O boletim de ocorrência (BO) registrado às 9h47 de quarta-feira na delegacia marca a acusação mais grave de agressão contra o serviço do Uber em Joinville desde o início de sua operação, em 9 de dezembro último. O motorista que presta serviço pelo aplicativo, que preferiu não ter o nome divulgado, identifica um taxista que atua no ponto da rodoviária como o autor da agressão. Ele teria jogado uma pedra de seis quilos contra o para-brisa do carro do motorista do Uber às 8h20. O homem estava dentro do veículo, mas não se machucou. Outro motorista do aplicativo também registrou BO no dia 7 de janeiro, alegando que um taxista chutou a porta de seu veículo no momento em que atendia a um cliente na rodoviária.

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Estes são os casos registrados em BO, no entanto, os profissionais afirmam que em outros locais da cidade também há perseguição contra o novo serviço, considerado ilegal pela Prefeitura de Joinville e que busca amparo em lei federal para funcionar em todo o País. Cálculos informais dos próprios motoristas indicam que passa de 80 o número de profissionais que trabalham pelo Uber na cidade. A empresa não divulga dados oficiais sobre parceiros registrados.

Pausa para café

O profissional que teve o para-brisa do carro estilhaçado alega que havia feito uma corrida na região e estacionou na área de embarque e desembarque de passageiros para tomar café na lanchonete porque começou a trabalhar às 6h30. Naquele instante, o taxista teria se aproximado e atirado a pedra. Antes disso, ele afirma ter ouvido gritos de ordem, chamando os profissionais do aplicativo de “vagabundos” e acusando-os de roubar o ganha-pão dos taxistas. O motorista do Uber disse que foi embora sob a proteção policial.

Os dois profissionais que registraram BO declararam que recebem suporte de advogado do Uber. A empresa também vai custear o reparo do para-brisa e ofereceu carro reserva enquanto o motorista aguarda o conserto.

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– Não vou pegar o carro alugado, prefiro esperar dois ou três dias e aproveitar para esfriar a cabeça – diz o homem que afirma ter sofrido a agressão na quarta-feira.

Sem conhecimento

Embora o presidente do Sindicato dos Taxistas de Joinville, Francisco Marques, critique o serviço do Uber por considerá-lo ilegal, declarou que só tomou conhecimento da acusação contra taxistas da rodoviária pela imprensa. Segundo ele, a recomendação da entidade é de não partir para o confronto. O secretário de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Romualdo França Júnior, afirma que a secretaria não tem registro de qualquer reclamação contra taxistas relacionada ao Uber e que a Seinfra se manifesta apenas sobre o serviço inadequado, ou seja, ações durante a prestação de serviço.

Logo após o episódio de quarta-feira, motoristas do Uber divulgaram uma carta conjunta criticando a legislação municipal que considera o Uber ilegal e repudiaram o ocorrido.

– Não obstante estes obstáculos impostos no percurso, ainda estamos lidando com um desserviço por parte dos taxistas. Agora, eles ameaçam e partem para a violência, seja com o motorista ou o passageiro – dizem os motoristas, que encerram a carta com um alerta:

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– Queremos pedir a você, nosso passageiro, que evite confronto com taxistas, evite solicitar o serviço próximo a pontos de táxis, evite dar informações a desconhecidos sobre para onde vai e com quem vai. O aplicativo lhe mostra a foto do seu motorista para que você possa identificá-lo rapidamente – orientam os profissionais na carta.