Gritos de protesto marcaram a saída de Luan Barcelos da Silva, 21 anos, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, onde prestou depoimento na tarde desta segunda-feira. Quase 50 pessoas, incluindo taxistas, o chamavam de assassino, enquanto o jovem ingressava no camburão que o conduziria de volta à Penitenciária Estadual.

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Mas também surgiram apoiadores. Enquanto a maioria protestava, um grupo de amigos de Luan se aproximou do veículo, gritando por seu nome. Para não ser fotografado na saída, Luan cobriu a cabeça com o pulôver que vestia ao deixar o prédio, depois de duas horas de interrogatório, conduzido pelos delegados Eduardo Sant´Anna Finn e Roger Bittencourt Tavares. Na entrada, como estava algemado, chegou a pedir um capuz para os policiais. Como não foi atendido, baixou o rosto para fugir dos flashes.

– Ele chegou muito tranquilo, confirmou tudo e não demonstrou nenhum arrependimento – descreveu Finn, delegado regional.

Como Luan ainda não tem defesa constituída, o depoimento foi acompanhado por dois advogados indicados pela Ordem do Advogados do Brasil para garantir a legitimidade do processo.

– Os advogados disseram que ele poderia permanecer calado se quisesse, mas ele disse que não se importava de falar porque sabia que ia ficar preso para o resto da vida – contou Finn.

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Abalada com a notícia, Livramento se divide entre a revolta e a incredulidade. Mesmo depois de o jovem ter confessado matar seis taxistas, moradores que conviveram com ele resistem em acreditar que o companheiro de baladas seria capaz de tamanha atrocidade.

– Ele era um rapaz normal, que bebia com os amigos, gostava de festa. Ninguém entende – diz um vizinho, de 18 anos.

Na escola Professor Chaves, onde estudou, ex-colegas e professores lembram do envolvimento de Luan com brigas dentro e fora do colégio, que repetiu três anos o primeiro ano do Ensino Médio por faltas e notas baixas, mas custam a entender como o que parecia um desajuste teria se transformado um perfil psicopata.

A página de Luan no Facebook virou uma tribuna livre de discussão do caso. Mesmo que a maioria das postagens do jovem já tenha sido apagada, as três que restaram recebem a cada dia mais comentários. No seu mural virtual, uns o chamam de monstro, outros apelam para o perdão divino, e uns terceiros dizem duvidar de tudo. Ciente da repercussão do caso, Luan fez um pedido aos policiais no final de seu depoimento: quer excluir a sua página no Facebook.

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VÍDEOS:

Assista ao depoimento do taxista que sobreviveu:

Imagens divulgadas pela polícia mostram suspeito entrando em táxi de Porto Alegre na noite em que motoristas foram mortos:

Após crimes, taxistas passaram a conviver com o medo e a violência:

> Medo e violência acompanham taxistas na madrugada da Capital

> GALERIA DE FOTOS: a noite dos motoristas de táxis