Uma tartaruga-de-couro (Dermochelys-coriacea) desovou na praia Valverde, em Balneário Gaivota, no Sul do estado. Segundo pesquisadores, o fato é incomum no Litoral de Santa Catarina e os cerca de 100 filhotes devem nascer em até dois meses. A espécie está na lista dos animais ameaçados de extinção.

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Desde 23 de janeiro a desova mobiliza a equipe do projeto Educamar, responsável pelo monitoramento costeiro e pesquisa com animais marinhos no Sul do estado. Em entrevista ao G1 SC, a presidente do projeto, Suelen Santos, afirmou ser mais comum esses animais colocarem ovos no Espírito Santo ou na região Nordeste do país.

— Será um momento histórico. […] Essa espécie vive em locais de águas mais quentes, são as regiões onde ela procura fazer a desova, lá este fenômeno é comum. Agora vamos pesquisar o porquê desta espécie estar procurando as regiões do litoral de Santa Catarina como habitat reprodutivo também — disse.

A tartaruga fez a primeira desova na praia de Arroio do Sal, no Rio Grande do Sul. Neste momento, as equipes do projeto começaram um monitoramento em um raio de 50 km, área onde o animal poderia colocar ovos novamente. A expectativa é que a tartaruga desove mais cinco vezes nos próximos 14 dias na região.

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Segundo a pesquisadora, o ciclo reprodutivo desta espécie ocorre de 2 a 3 anos e cerca de 140 ovos são depositados nos ninhos.

Laços entre a espécie e a região

O projeto investiga ainda os laços entre a espécie e a região litorânea de Santa Catarina. Para os pesquisadores, a tartaruga que desovou em Balneário Gaivota, pode ter nascido na região.

— Nós temos um estudo que foi publicado em 1995, onde uma espécie desta tartaruga fez uma desova em um município do litoral do Rio Grande do Sul. É importante saber que essas espécies são fiéis ao local onde fizeram a desova. O período de maturação dos filhotes, ou seja, para eles começarem a reproduzir, é de 20 a 29 anos. Então é muito provável que esta tartaruga que está desovando aqui na região seja um filhote que nasceu desta tartaruga de 1995 — comentou Suellen.

Segundo a doutora em Biociências e médica veterinária da R3 Animal, Daphne Wrobel Goldberg, um estudo publicado da Fundação Oswaldo Cruz em 2002 registrou a desova da tartaruga-de-couro por três vezes em Santa Catarina. A primeira delas aconteceu em 1995 em Içara, onde um ninho foi localizado. Já em 1999, duas áreas com ovos da espécie foram mapeadas em Florianópolis.

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Wrobel afirma também que duas desovas foram registradas no Litoral do Paraná, em dezembro do ano passado e janeiro deste ano. O local, assim como Santa Catarina, pode ser considerado uma área ocasional para a ação, já que o Sul do Brasil não é uma área de desova regular de tartarugas.

Mobilização para o cuidado

O cuidado ao ninho conta com o monitoramento diário de cerca de 20 pessoas entre biólogos, pesquisadores, voluntários da comunidade e a Polícia Ambiental. A área foi cercada e sinalizada. A proteção serve para defender o local de predadores naturais e do próprio ser humano que pode pegar os ovos para comercialização.

Polícia Militar Ambiental monitora o ninho das tartarugas
Polícia Militar Ambiental monitora o ninho das tartarugas (Foto: Projeto Educamar/Divugação)

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Ao G1 SC, o sargento da Polícia Militar Ambiental, Gibran Rezende Grechi, disse que o ninho é protegido por lei e a danificação do local tem pena de prisão.

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— Todos os dias passamos aqui, verificamos se não está tendo interferência no ninho, orientando as pessoas que esse ninho é protegido por lei. Todo ninho animal não pode ser modificado, destruído, danificado, tem uma pena prevista de 6 meses a um ano de detenção, além de uma multa administrativa — afirmou o policial.

*Com informações do G1 SC

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