Aos brados de “Crimeia é Ucrânia” e “Fora Putin”, grupos de tártaros da Crimeia, península que constitui uma república autônoma da Ucrânia, protestaram neste sábado em todo o país contra a presença de tropas russas na região.

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Em Maidan, praça central de Kiev, homens e mulheres de etnia tártara reuniram-se em frente ao monumento aos reis eslavos fundadores da cidade, munidos de bandeiras azuis e amarelas e megafones. A manifestação foi a mais significativa da tarde deste sábado, feriado nacional de 8 de março, Dia da Mulher. O protesto dos tártaros obteve a adesão de outros ucranianos, como uma jovem usando a tradicional coroa de flores típica do país.

– O referendo previsto para 16 de março é ilegal e inconstitucional. É interessante notar que o referendo não inclui os direitos dos tártaros da Crimeia – afirmou Gaide, uma das representantes do grupo.

Os tártaros da Crimeia são de etnia turca e constituem cerca de 12% da população da península. Eles falam tartárico crimeano ou turco e são majoritariamente muçulmanos. Seu estabelecimento na região remonta ao canato (principado) da Crimeia, que existiu até o século 18. Durante o domínio russo da península, os tártaros foram perseguidos, oprimidos e proibidos de utilizar ou ensinar sua língua. Sob o ditador Jozef Stalin (1924-1953), toda a população tártara da Crimeia foi considerada coletivamente culpada de traição e de colaboração com os invasores alemães (Hitler havia organizado uma Legião Tártara da Wehrmacht) e deportada para o Uzbequistão e outras regiões asiáticas da União Soviética depois da II Guerra Mundial. Calcula-se que quase metade dos deportados tenha perecido de fome e doenças. O decreto de Stalin que punia os tártaros com o degredo só foi revogado em 1967. Hoje, eles contam com seu próprio parlamento e organizações políticas na Crimeia.

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