A nova secretária de Saúde de Joinville, Tânia Eberhardt, assumiu a pasta nesta segunda-feira (24) e, em entrevista ao Jornal do Almoço da NSC TV Joinville, comentou sobre suas prioridades à frente da pasta a curto e médio prazo. Entre os destaques, estão o desafogo na saúde primária e também a abertura para discutir uma parceria público-privada para assumir o Hospital Municipal São José.
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De volta ao cargo após 19 anos, Tânia disse que nesta tarde terá uma reunião com diretores e demais membros da Saúde para se inteirar dos números e dados da pasta. No entanto, de antemão, citou que a prioridade será o abastecimento das unidades básicas (postos de saúde), para que não haja superlotação nas Unidades de Pronto Atendimento 24 Horas.
Ela cita a Lei 8080, que determina que, a cada 4 mil pessoas, uma equipe de saúde da família, composta por médico, enfermeiro, técnico em enfermagem e agente comunitário, estejam disponíveis para a comunidade, mas comenta que esta é uma “matemática que não é fácil de ser feita”.
— Pra isso, claro, você precisa ter espaço físico disponível e profissionais pra contratar. São duas coisas essenciais. Mas nós não temos dúvida, e o prefeito nos colocou para que nós nos debruçássemos sobre isso, que essa é a prioridade. Deixar nossos postos de saúde com equipes suficiente pra fazer o primeiro atendimento. Quando eu tenho uma equipe me esperando lá na comunidade, eu evito de ir num PA 24 Horas ou no pronto-socorro num hospital — destaca.
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— Eu costumo dizer que não existe saúde pública que funcione sem que se tenha uma atenção primária forte dentro da cidade — completa.
Para que isso seja feito, no entanto, a secretária diz que não há orçamento disponível, sendo preciso buscar medidas. Tânia cita que Joinville já tem “fama” de gastar 40% de orçamento em saúde, e isso faz que com outras áreas, também importantes, fiquem sem recurso.
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A nova secretária defende a ideia que sejam buscadas parcerias com os governos em âmbito estadual e federal em busca de recursos e, talvez, até que algumas leis sejam adaptadas.
— Às vezes, a gente precisa levar algumas propostas para que os deputados se debrucem um pouco sobre isso. Por exemplo, o limite constitucional. Você tem um limite para contratar gente, no entanto, a cidade cresce, a lei não muda, e as escolas e postos de saúde precisam aumentar. Como é que se faz? Então, há que se mudar isso, e vamos nos debruçar sobre o assunto.
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OS no São José e UPA pediátrica
Um dos tópicos discutidos pelo governo Adriano Silva (Novo) é adotar o modelo de OS (Organização Social) no Hospital São José, que atualmente é de total responsabilidade do município. A ideia é que, com este modelo de gestão, seja possível ampliar a rede e até fazer com que o orçamento renda mais.
Tânia Eberhardt, servidora pública de carreira, no passado, teve posição contrária à atuação das organizações sociais, mas agora, novamente à frente da Saúde, se mostrou disposta a discutir o tópico. Durante a entrevista, disse que a a parceria público-privada é constitucional e que se o SUS não fizesse parcerias assim, o sistema público teria colapsado desde o começo, já que há equipamentos e procedimentos de alta complexidade que custam caro.
Tânia cita como exemplo o Hospital Infantil de Joinville que, segundo ela, estava parado há anos e que voltou a funcionar após ter-se buscado uma OS, que “por sorte”, foi boa.
— Há algum joinvilense insatisfeito com o funcionamento do Infantil? Não! Quando se tem sorte de pegar uma boa OS, como é o caso do Hospital Infantil, funciona bem, muito obrigado. Nós, servidores, não queremos OS, mas a população precisa de atendimento, e nós precisamos ser superiores a isso. Então, vou discutir e analisar com muito cuidado.
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Sobre o recurso de 20% prometido pelo governador Jorginho Mello para o custeio do São José, diz que “deve estar chegando, é um compromisso imediato”, mas não mencionou uma data específica.
Com relação à criação de uma UPA pediátrica a fim de desafogar o sistema do Infantil, diz que ainda precisa estudar o assunto, mas a alternativa, para ela, é ampliar os pediatras na rede e também os horários de atendimento desses especialistas nos postos de saúde, uma opção que “é interessante e não custa tão caro”, opina.
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Dengue e outras demandas
A secretária cravou que a Covid-19 foi a responsável por desorganizar o sistema de saúde em todo Brasil, fez com que “a máquina parasse”, já que era uma doença até então nova e desconhecida e os profissionais precisam estudá-la melhor, além de priorizá-la. Além disso, disse que os recursos da União eram destinados para o combate à pandemia.
Passada a pandemia, com as unidades ainda em recuperação, veio a epidemia de dengue, somada ao aumento de demanda por doenças respiratórias. Neste cenário, reforça que a prioridade será a atenção básica de saúde.
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— Agora, temos uma certa pressa. Quem tem? Todos nós. Você, principalmente, que bate na porta do posto de saúde, que não tem o atendimento suficiente e que precisa ir pro PA 24 Horas que está lotado. Vamos olhar isso com carinho, muito cuidado e pra que em um tempo muito breve a gente consiga trazer alternativas pra discutir com a nossa comunidade — pontuou.
Com relação à dengue, não exime a responsabilidade do governo, mas destaca que a doença é de responsabilidade de todos.
— O governo não pode entrar na sua casa e fazer a higienização do seu terreno, isso é papel seu. Eu fico até com vergonha de termos entrado nessa calamidade da dengue, porque ela não é uma responsabilidade tão somente de governo, é de cada morador da cidade. Precisamos divulgar, educar pra que as pessoas cuidem do seu território, é muito mais fácil em vez de pensar, julgar, e as criticas vêm pra gestão. Mas neste caso especifico da dengue, a responsabilidade é de todos nós.
Já sobre a falta de medicamentos nas unidades, que na semana passada havia uma lista de 20 que não estavam chegando na cidade, ela afirma que será discutido se há outros remédios que possam substituir esses que faltam ou fazer compras de emergência. Tânia destacou que o problema está na defasagem deles no mercado.
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— Chegamos a ter falta de soro, porque não havia pra comprar. Algumas licitações foram feitas e foi dado deserto, ou seja, não tiveram fornecedores interessados em vender para o serviço púbico. Não é assim tão simples [resolver o problema], se fosse, já teria sido resolvido. Mas vamos buscar soluções pra resolver o mais rápido possível.