Uma jovem tartaruga-verde de 40 centímetros de comprimento foi solta no mar da Barra da Lagoa na tarde desta sexta-feira (06) e representou um marco histórico para o Projeto Tamar: ela simbolizou o número de 35 milhões de animais protegidos no Brasil desde 1982, quando surgiu a ONG.
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Essa soltura aconteceu simultaneamente em nove estados brasileiros. Aqui em Florianópolis, dezenas de pessoas acompanharam a ‘longa caminhada’ da tartaruga pela areia. Ela levou mais de 10 minutos para percorrer cerca de 3 metros. A espécime liberada hoje ficou presa em uma rede de camarão na Baía Norte. O pescador que encontrou o bicho entrou em contato com o Tamar, onde a tartaruga ficou um mês sendo cuidado pelos biólogos do projeto.
Ela estava com marcas de estrangulamento no pescoço. Durante a recuperação, expeliu um punhado de lixo, como cordas, papel de bala e até uma bexiga. A bióloga e gestora do centro de visitantes do Tamar da Barra da Lagoa, Camila Trentini Cegoni, explica que o animal só foi salvo pois há uma parceria entre o projeto e os pescadores da Ilha. Segundo ela, foram salvas, nas últimas três décadas, 500 tartarugas em Florianópolis.
As tartarugas verdes nascem ao norte do litoral do Rio de janeiro. O Sul do Brasil é uma área de alimentação, onde os quelônios vivem cerca de 30 anos, quando ficam adultos e voltam para o norte para se reproduzir.
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— O importante é proteger todas as áreas, porque não adianta estar somente uma área protegida e elas virem morrerem aqui. Então o Tamar existe no Sul do Brasil para trabalhar com as comunidades e sensibilizar as pessoas a proteger as tartarugas marinhas — salienta Camila.
Ela espera que a tartaruga-verde liberada na Barra da Lagoa chegue até o litoral norte brasileiro, onde encontre um companheiro para se reproduzir.

O Projeto Tamar
Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem-sucedidas iniciativas de conservação marinha do mundo, a ação do Tamar se estende por 1.100 km de praias, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas, no litoral e ilhas oceânicas da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
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A principal missão é a pesquisa, a conservação e o manejo de quatro espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. São elas a tartaruga-oliva, tartaruga-de-pente, tartaruga-cabeçuda e tartaruga-de-couro. A tartaruga-verde, espécie solta nesta sexta, está menos exposta, pois desova principalmente em ilhas oceânicas, onde a ação predatória do homem é mais controlada.
De cada 1.000 filhotes que nascem, apenas um ou dois sobrevivem no ciclo natural dos ecossistemas marinhos. Por isso, é preciso proteger os ninhos de tartarugas marinhas para garantir a produção natural de filhotes e o caminho seguro até o mar.