O drama das mulheres que compram roupas mas nunca sabem qual numeração provar deve chegar ao fim. O Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB-17), da Associação Brasileira de Normas Técnicas está padronizando as medidas para o vestuário feminino no Brasil. Atualmente, cada confecção define a sua própria numeração e modelagem. A falta de padronização de tamanhos tornou-se um problema não só para consumidores mas também para lojistas, que têm de lidar com a frequente troca de peças.

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A norma deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2015 e a adesão das confecções é voluntária. Em 2009, a ABNT definiu as medidas para as roupas infantis e, em 2012, para as masculinas. As lojas que adotaram a norma passaram a indicar, além do tamanho, a estatura ou tipo físico para qual a peça foi feita.

– Houve uma redução significativa nas trocas em lojas devido aos tamanhos, e facilitou muito o comércio através da internet – relata Maria Adelina Pereira, superintendente da ABNT/CB-17.

A intenção é que o mesmo aconteça com as roupas femininas. O comitê de estudos para a formulação desta norma conta com uma pesquisa sobre a forma do corpo das brasileiras, que está sendo realizado em todo o país pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-Cetiqt) do Rio de Janeiro.

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A equipe de pesquisa visita várias cidades do país e, nas regiões centrais, seleciona mulheres de forma aleatória para terem seus corpos escaneados. Elas recebem uma lingerie especial e entram em uma cabine que mede, em 60 segundos, as partes do corpo. A participação na pesquisa é voluntária e as mulheres recebem um relatório com as suas medidas.

A partir dos dados, o estudo identificou vários tipos de corpos brasileiros, que demandam numerações diferenciadas. A ABNT selecionou os três mais frequentes para definir as medidas de cada tamanho. Assim, as empresas podem escolher o público alvo que querem atender e oferecer roupas na numeração definida para ele.

– As empresas podem atender a padrões diferenciados, mas sempre indicando qual biotipo físico estão atendendo – explica Patrícia Martins Dinis, consultora técnica do Senai-Cetiqt.

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Levantamento está mais avançado na região Sudeste

O levantamento do Senai-Cetiqt começou a ser feito em 2009 e está mais avançado na região sudeste. Com os dados coletados, definiu-se o que seria um corpo número 38, 40, 42 e demais numerações para cada biotipo. Agora, a equipe está testando os modelos criados e a viabilidade das medidas definidas para eles. Para auxiliar neste processo, a equipe tem o auxílio da Audaces, empresa de Florianópolis que desenvolve softwares para confecções. Eles forneceram um sistema que simula os corpos de cada tamanho que irá compor tabela de medidas. O manequim virtual pode ser vestido com as roupas criadas em diferentes tamanhos e tecidos para observar se a peça está confortável ou precisa de ajuste.

A Audaces oferece este sistema há dois anos para empresas que querem padronizar a medida de suas roupas com base em um manequim que não altera suas medidas, como pode acontecer com as modelos de prova. Além de garantir que as peças sempre tenham as medidas equivalentes à numeração, o software agiliza o processo de prototipagem, pois evita que a peça passe por várias provas e ajustes.

A intenção da Audaces é que, assim que a ABNT definir a norma de vestuário, o software inclua manequins virtuais com as medidas estipuladas para cada corpo e numeração. Dessa forma, as empresas poderão construir as modelagens de forma padronizada, favorecendo a loja e o consumidor, que não terá que provar vários tamanhos do mesmo modelo de roupa.

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