Santa Catarina recuou 10 pontos no Pisa – o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes que mede o conhecimento de alunos de 15 anos a cada três anos. O Estado somou 418,6 de média geral, que leva em conta a pontuação das provas de matemática, leitura e ciências. O resultado coloca SC em quarto lugar quando comparado a outros Estados brasileiros – duas posições atrás da de 2009.

Continua depois da publicidade

Coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Pisa teve os dados divulgados nesta terça-feira. O programa analisa o desempenho de estudantes que estão no fim da educação básica em 65 países. Além da divulgação por país – o Brasil ficou em 58º de 65 posições – a OCDE também revela dados por regiões – ou Estados no caso do Brasil.

A principal queda de desempenho em SC foi registrada na prova de ciências, de 434 pontos conquistados em 2009, o Estado somou 418 em 2012. Leitura apresentou queda de 15 pontos: de 438 foi para 423. Já em matemática, passou de 412 para 415 – a disciplina também foi a única onde o Brasil apresentou melhora, saindo de 386 pontos, em 2009, e atingindo 391 pontos em 2012.

Nas três, Santa Catarina teve desempenho abaixo da média geral da OCDE. Quando comparado com outras unidades da Federação, SC aparece entre os cinco primeiros. Participaram da avaliação no Estado, que no Brasil é aplicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação, 648 alunos catarinenses de 27 escolas catarinenses. No país foram cerca de 18 mil estudantes.

Continua depois da publicidade

O especialista em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Munhoz Alavarse explica que ao fazer o recorte estadual é preciso levar alguns aspectos em conta, como comparar o desempenho de Santa Catarina ao do Brasil, que de uma certa maneira se assemelham. O país também apresentou queda em leitura e uma melhora pequena em matemática. A única diferença está em ciências, disciplina na qual o país está estabilizado e o Estado diminuiu o índice.

Sobre o recuo de 10 pontos, o especialista diz que não há dúvidas de que o sinal de alerta foi aceso, mas observa que o Pisa apresenta uma margem de erro que chega a 10 pontos. Isso vale tanto para os dados divulgados neste ano, como os de 2010 – o que pode significar uma diferença menor entre um resultado e outro.

É preciso considerar também o aumento da amostragem brasileira, que implicou em mais adolescentes de 15 anos participando.

Continua depois da publicidade

– O Brasil se destacou porque teve o crescimento da participação de jovens na escola, mas quem são esses jovens? São os mais pobres, e com o nível socioeconômico mais baixo, por causa de programas como o Bolsa Família, e isso pode acontecer também em Santa Catarina – ressalta o estudioso.

Brasil participa com maior número de alunos

O tamanho da amostragem usada pela OCDE também pode ajudar a explicar um resultado abaixo das expectativas no Estado. Doutor e consultor em educação, Antonio Pazeto observa que os países que integram a organização participam com uma amostra muito maior do que as nações convidadas, como é o caso do Brasil e consequentemente SC.

Isso também contribui para o entendimento de por que no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) SC teve um avanço na avaliação, quando divulgados no ano passado, e no Pisa não. A Prova Brasil, que fornece os dados para o Ideb, é aplicada para todos os alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

Continua depois da publicidade

– Uma impressão minha é a de que o Pisa ainda não sensibilizou as escolas de SC e do país. Mas não podemos dizer que o Ideb é uma avaliação melhor do que a do Pisa, que tem um modelo muito bom. Os resultados dele podem estar dizendo ao Estado: vocês ainda não têm padrão internacional ou estão muito aquém daquilo que têm condições de ter – ressalta, acrescentando que em 2010 a OCDE esteve em SC avaliando o sistema de gestão de educação e identificou características muito próximas a de países da organização internacional.

O secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps, disse que os dados ainda estão sendo analisados pela pasta. A rede estadual de ensino costuma reunir a maioria dos alunos que respondem à prova, mas ainda não teve a participação da última edição divulgada:

– Uma avaliação preliminar aponta para a questão da distorção idade-série. São alunos de 15 anos, mas que podem ainda estar no ensino fundamental e não no primeiro ano do ensino médio.

Continua depois da publicidade

Deschamps ainda coloca o modelo de prova da OCDE diferente das usadas pela Prova Brasil no Ideb. O Pisa relaciona mais disciplinas, é mais amplo e exige mais interpretação e trabalho em conjunto dos conteúdos, como no caso de ciências, que apresentou o maior recuo. Além disso, ele também destaca a margem de erro, que em leitura chega a 10 pontos, em matemática 8,3 e em ciência 8.