Os talibãs rejeitaram neste domingo um apelo do presidente afegão Ashraf Ghani para prolongar um inédito cessar-fogo por ocasião do fim do Ramadã, frustrando as esperanças de de uma população esgotada por décadas de conflito.

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“O cessar-fogo termina nesta noite e retomaremos nossas operações se Deus quiser. Não temos a menor intenção de prologar o cessar-fogo”, declarou o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid em mensagem enviada à AFP.

O presidente Ashraf Ghani havia anunciado no sábado que estenderia o cessar-fogo e pediu aos talibãs para fazerem o mesmo.

O porta-voz talibã não fez nenhuma referência direta ao pedido do presidente Ghani, que havia recebido apoio da comunidade internacional.

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A missão da Otan no Afeganistão e as forças americanas afirmaram que respeitariam o anúncio de ampliação do cessar-fogo feito por Ghani. A União Europeia (UE) chamou a medida de trégua “histórica”.

O presidente afegão também indicou que 46 prisioneiros talibãs foram libertados, uma tendência que deve prosseguir, nas palavas de Ghani.

Esse foi o primeiro cessar-fogo formal de escala nacional desde a invasão americana, em 2001, e o país foi tomado pela esperança de paz.

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Nos últimos dias ocorreram momentos inéditos de confraternização entre os combatentes talibãs, os civis e os membros das forças de segurança.

Mas, no sábado, o ambiente foi abalado por um atentado suicida que deixou pelo menos 35 mortos entre uma multidão que celebrava a interrupção dos combates na província de Nangarhar (leste).

O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que não faz parte do cessar-fogo.

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Neste domingo, outro ataque suicida, também no leste do Afeganistão, deixou pelo menos 14 mortos e 45 feridos. O atentado não foi reivindicado até o momento.

A explosão aconteceu do lado de fora do gabinete do governador da província de Nangarhar, indicou seu porta-voz, Attaullah Khogyani, à AFP.

O agressor se aproximou a pé e detonou a carga explosiva no momento em que várias pessoas saíam do gabinete do governador, após uma cerimônia pelo fim do mês do Ramadã.

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O anúncio da rejeição talibã a prorrogar a trégua não surpreendeu alguns diplomatas ocidentais em Cabul.

“Se prolongassem o cessar-fogo, seriam obrigados a negociar, algo que acredito não estão interessados em fazer. O que eles querem é uma verdadeira vitória”, disse à AFP uma fonte diplomática que pediu anonimato.

Ghani anunciou na semana passada um cessar-fogo unilateral para a festa do Eid al Fitr e indicou que tanto a polícia como o exército interromperiam as operações contra os talibãs durante oito dias.

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Os talibãs anunciaram seu primeiro cessar-fogo por três dias com as forças afegãs por ocasião da mesma festa. Este foi o primeiro cessar-fogo declarado por este grupo em 17 anos de conflito.

* AFP