Tainha, pescadores, sereia, baleias e barcos. Essas são algumas das esculturas que estão espalhadas pela Grande Florianópolis e chamam atenção por retratar o cotidiano e resgatar a história da Ilha da Magia. Elas são produzidas e alocadas pelo Coletivo Espaço Tempo, que faz ações artísticas e de educação ambiental na capital catarinense e arredores há cinco anos.

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Fundador do coletivo, Juan Mandala também é o artista por trás das obras locais. Morador do Campeche, no Sul da Ilha, ele fundou o coletivo assim que veio morar em Florianópolis, em 2019.

Conheça a história e as polêmicas da “Sereia da Lagoa”, de Florianópolis

— As instalações artísticas buscam qualificar os espaços públicos valorizando a cultura e a natureza nativa, sempre de forma colaborativa com as comunidades locais — explica ele sobre a iniciativa das esculturas.

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Um exemplo é a estátua do “Pescador”, que fica na entrada da vila dos pescadores, na Praia dos Ingleses, Norte da Ilha. Ela foi idealizada junto ao Departamento de Unidades de Conservação (Depuc/Floram), e representa um marco físico que estabelece um limite geográfico dentro do Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho, unidade de conservação no Norte da Ilha de Santa Catarina. Além de uma homenagem à cultura pesqueira, a estátua é associada ao antigo morador e pescador da região, senhor Adão.

Juan explica que um dos primeiros passos para definir a localidade e a estátua que irá ocupá-la é identificar qual símbolo representa aquela comunidade.

— Isso vai de um animal até um personagem místico, ou uma personalidade histórica — conta.

É o caso da “Tainha”, que fica na Praia da Armação, no sul da Ilha. Devido à cultura pesqueira da praia e o movimento intenso de turistas, a Associação de Pescadores da Armação (Apaaps) quis “criar um marco turístico para favorecer os passeios de barco para a Ilha do Campeche” por meio da estátua. A Praia da Armação é um ponto de partida para a Praia do Matadeiro, Lagoinha do Leste e, principalmente, para a Ilha do Campeche. 

Como as estátuas são feitas?

O processo de criação das obras é sempre o mesmo. Primeiro, a estrutura é feita por Juan, com ferros vergalhões, arames e malhas metálicas. Depois dessa etapa, as estruturas metálicas são preenchidas com resíduos que são coletados nos locais de instalação, por meio de mutirões de limpeza coletivos. Para a cobertura, são utilizadas camadas sobrepostas de alvenaria. É aí que elas são finalizadas com acabamentos de pintura acrílica e/ou mosaico cerâmico.

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Entenda o processo de produção


Ainda de acordo com Juan, a reação das pessoas ao verem as estruturas são normalmente positivas, porque se sentem representadas por elas.

— Os símbolos representados têm intenção de valorizar a identidade dessas comunidades — conta.

Uma estrutura que surgiu para valorizar a identidade de uma comunidade é o “Barquinho de Papel”, que fica na praça da Barra da Lagoa, localidade da Lagoa da Conceição. Ela foi idealizada junto às crianças e professores da creche da região, NEIM Colônia Z11. O Barquinho de Papel foi escolhido por representar a marca da escola e a comunidade de pescadores da Barra da Lagoa. A construção contou com o apoio da Intendência da Barra da Lagoa, que forneceu materiais e suporte aos artistas, além da participação voluntária de moradores locais.

Outra ação do coletivo que buscou não só valorizar mas também resgatar a identidade de uma comunidade foi a revitalização do monumento que fica no Recanto de Iemanjá, localizado no Ribeirão da Ilha, após a estátua sofrer atos de vandalismo em 2019. A iniciativa foi do Coletivo Espaço Tempo, que foi acolhida pela comunidade e recebeu apoio do centro religioso Ilê de Xangô, que também fica no Ribeirão da Ilha. A restauração da estátua, conforme o coletivo, teve colaboração voluntária de diversos moradores da região.

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Conheça as obras e onde elas ficam


*Sob supervisão de Andréa da Luz

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