Suzane von Richthofen foi solta na tarde deste quarta-feira (11) 20 anos após sua prisão, em novembro de 2002, pelo assassinato dos pais Manfred e Marísia na zona sul de São Paulo. A Secretaria da Administração Penitenciária informou, por meio de nota, que a Justiça concedeu a ela a progressão ao regime aberto. O alvará de soltura de Suzane foi cumprido às 17h35min.
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Ré confessa, Suzane foi condenada em 2006 e está desde 2015 no regime semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares. Em 2016, ela saiu pela primeira vez da prisão durante o feriado de Páscoa.
No regime semiaberto, o condenado tem direito de trabalhar e frequentar cursos profissionalizantes, de ensino médio ou superior durante o dia, regressando à noite para sua unidade.
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De acordo com o código penal, no regime aberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
A lei ainda diz que o condenado será transferido do regime aberto, caso pratique fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
Procurado, o Tribunal de Justiça de São Paulo informa que o processo de cumprimento de pena de Suzane von Richtofen corre sob segredo de Justiça.
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Por isso, o órgão informa que o regime aberto ocorreu após uma decisão da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, após ser verificado o cumprimento dos requisitos estabelecidos pela Lei de Execução Penal -Suzane foi condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais.
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O crime em outubro de 2002 chocou o país. Na época, ela tinha quase 19 anos e era estudante de direito da PUC-SP. Segundo depoimento dos acusados à polícia, antes do assassinato, o irmão de Suzane -então com 15 anos- foi levado por ela até um cybercafé.
Em seguida, ela e o namorado, à época com 21, encontraram o irmão dele Cristian, 26, e seguiram para a casa. Suzane entrou e foi ao quarto dos pais para constatar que eles dormiam. Depois, acendeu a luz do corredor, e os rapazes golpearam o casal.
Inicialmente, a polícia acreditava se tratar se de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados.
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Dias após o crime, a compra de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos irmãos. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal.
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Suzane obteve liberdade provisória em junho de 2005, por decisão do próprio STJ. Ela voltou a ser presa em abril deste ano após a exibição de uma entrevista concedida ao “Fantástico”, da Rede Globo, durante a qual -segundo o próprio programa- ela foi orientada pelos advogados a chorar e demonstrar fragilidade diante das câmeras.
Em 2006, ela voltou a ter a prisão domiciliar provisória permitida pelo então ministro Nilson Naves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Um mês após a liminar em habeas corpus, ministros do STJ decidiram, por três votos a um, negar o pedido de habeas corpus. Assim, ela retornou sistema penitenciário.
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O caso ganhou dois filmes lançados na mesma data em 2020. Os longas são baseados nos autos do processo do assassinato do casal Von Richthofen e abordam as versões apresentadas por Suzane e Daniel ao tribunal.
Às vésperas da estreia, Suzane entrou com uma ação contra a produtora Santa Rita Filmes por causa dos longas “A Menina que Matou os Pais” e o “Menino que Matou Meus Pais”. A produtora, no entanto, ganhou todas as etapas em primeira instância do processo, que já foi transitado em julgado.
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*Reportagem de Isabella Menon