A pandemia do novo coronavírus, as grandes catástrofes naturais que vem acontecendo nos últimos anos e a preocupação da Cúpula do Clima abriram os olhos de quem ainda não estava tão familiarizado com o conceito ESG. O termo, que significa Environmental, Social and Corporate Governance (ambiental, social e governança corporativa, em português), teve um aumento de busca no Google de 400% em apenas um ano, segundo o Google Trends.
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Enquanto países da Europa estão mais atentos a esse tema desde a última década, o ESG ainda exige avanços no Brasil. O conceito que se refere à sustentabilidade empresarial surgiu em 2005, em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) após um Pacto Global.
O estudo “A evolução do ESG no Brasil”, realizado pelo Pacto Global em parceria com Stilingue, aponta que os consumidores revelam uma forte vontade de investir, consumir produtos ou até trabalhar em empresas consideradas sustentáveis. Ao mesmo tempo, a Geração Z possui atenção três vezes maior em relação ao meio ambiente, questões políticas e sociais.
Do outro lado, 84% dos representantes do setor empresarial afirmaram o interesse por entender mais sobre a agenda e os critérios do ESG. O estudo apontou que políticas de equidade de gênero, apoio emergencial à Covid-19 e apoio às comunidades do entorno foram as práticas mais citadas entre as empresas pesquisadas. No entanto, ainda faltam políticas de equidade racial, equidade LGBTQIA+ e apoio a grupos vulneráveis.
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Enquanto há pressão e demanda da sociedade por mudanças, o setor empresarial e o poder público precisam se adequar a essa nova realidade. Nesse mês, o BNDES anunciou que vai fornecer crédito a empresas comprometidas com a melhora de indicadores ESG.
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Adelita Adiers, coordenadora de projetos especiais da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), explica que o ESG tem sido parte da agenda das empresas e que não são somente os grandes empreendimentos que podem adotar práticas de sustentabilidade. Entre os exemplos de indicadores, está a redução de resíduos, de emissão de C02, aumento de lideranças femininas nas diretorias, programas de integridade, compliance, ética, transparência e anticorrupção.
— ESG é a própria sustentabilidade. Ele acaba trazendo o olhar para os negócios, com indicadores que contemplam questões sociais, de governança e econômica. A gente vem observando o posicionamento de algumas lideranças em relação a alguns temas que conversam com esses indicadores. Isso passa pelo posicionamento, pelo nosso consumo e pelo papel de liderança que cada um de nós precisa se colocar nesse processo de mudança. Se não tivermos lideranças trazendo essas questões para a estratégia do negócio, em um curtíssimo prazo, vamos ter um caos — alerta Adiers.
Adiers lembra que as ações são também olhadas pelo mercado financeiro, permitindo que os investidores possam saber se estão aportando recursos em empresas saudáveis e lucrativas, mas também sustentáveis. Os fundos de investimento com essa temática já são consolidados na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda caminham para os primeiros passos no Brasil.
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Delton Batista, presidente do Lide Santa Catarina, acredita que a sociedade, especialmente após o advento da pandemia, tem exigido que marcas e empresas entreguem mais do que produtos e serviços.
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— A responsabilidade com o impacto de suas atividades, o compromisso com uma agenda consciente em relação ao meio ambiente, iniciativas de responsabilidade social e conduta pautada pela transparência e obediência às leis e regras vigentes, são indicadores cada vez mais procurados por consumidores e pelo mercado. Empresas cidadãs são melhor percebidas pelos clientes e fornecedores, atraem e retém mais talentos, têm melhores resultados financeiros e operacionais e são mais valorizadas por investidores e pelo mercado — conta Batista.
Para ele, a disseminação dos conceitos ESG entre catarinenses é uma prioridade. Enquanto grupo associativista que reúne as maiores organizações do país, o Lide tem uma intensa agenda de eventos e debates em que compartilha boas práticas e experiências voltadas à temática ESG. Indústria, varejo, agronegócio, turismo, entretenimento, tecnologia, independentemente da área ou porte da empresa, todos precisam evoluir na execução desta filosofia, segundo o presidente.
O resultado será empresas catarinenses mais competitivas, valorizadas e, consequentemente, expansão e desenvolvimento para toda a nossa sociedade, impactando clientes, colaboradores, fornecedores, parceiros de negócios, meio ambiente e comunidade.
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