Fernando Gabeira já é um veterano do Fronteiras do Pensamento. Participou duas vezes do evento em Porto Alegre e agora pela primeira vez participa em uma apresentação solo. Em Florianópolis, o ex-deputado federal declarou que a trajetória pessoal de cada um não pode ser desculpa para a pessoa se ausentar do presente, já que as pessoas se fazem a cada momento.
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Leia a segunda parte da entrevista de Gabeira
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Diário Catarinense – Como foi sua experiência com o Fronteiras do Pensamento?
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Fernando Gabeira – Muito boa. Acho que as apresentações têm um excelente nível, os convidados internacionais muito bons e trazem muita coisa nova para nós. Procuro participar sempre que sou convidado.
DC – Sua palestra no evento é sobre sustentabilidade. Você é otimista sobre a preservação ambiental?
FG – É uma mudança cultural de grande dimensão e eu não vejo ainda a luz no fim do túnel. Conheço diversas iniciativas que visam a solucionar a questão, mas existe o problema do consumo. É uma grande dificuldade criar um perfil de consumo que permita as pessoas consumirem, no caso dos mais pobres, e do outro lado, as pessoas que disfrutam de um consumo maior sejam levadas a um consumo responsável.
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Existe muita dificuldade nesse sentido porque esse é um discurso racional e ético em relação às novas gerações. Ao passo que o consumo mesmo não é só racional, ele é emocional também. É o discurso da propaganda, que te convence de coisas que não estão necessariamente associadas ao produto, mas à inquietações subconscientes, como a busca de uma companhia e o fim da solidão.
É difícil romper com isso e é difícil também para a economia. Primeiro porque ela não interioriza os desgastes ambientais, ela coloca como uma coisa externa. Segundo porque ela tem a visão de crescimento e no Brasil o crescimento está ligado também ao estímulo à indústria do automóvel, então se estimula essa indústria, produz mais poluição, mais congestionamento, reduz a produtividade nacional, mas tudo acontece como se a economia estivesse crescendo. Essas irracionalidades não se resolve só teoricamente, será necessário muito tempo.
DC – Que outra questão chama sua atenção na área da preservação?
FG – A necessidade de alimentar 7 bilhões de pessoas e preservar o planeta, os recursos hídricos, num contexto de mudanças climáticas acentuadas e desastres climáticas e com a energia cara, já que no passado era bem mais barata. Esses três elementos mostram que vai ser muito difícil a gente chegar a alimentar a humidade de uma forma satisfatória daqui para a frente. Será necessária uma transformação muito grande.
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