Após superar quatro anos de suspensão por ser flagrado no exame antidoping com uma substância proibida, o goleiro Omar Constante Reis Santos, de 34 anos, volta ao futebol para defender o Nação Araquari no Campeonato Catarinense 2024. Agora pelo time de Araquari, o arqueiro relembra o tempo afastado da profissão, os desafios enfrentados e projeta o retorno profissional.
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Natural de São Paulo, Omar começou a carreira no Bahia, em 2010, quando ganhou uma chance entre os profissionais e passou a disputar posição com Fernando Leal e Renê Marques, na Série B. Naquele ano, o Esquadrão conquistou o acesso para a primeira divisão.
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Após a saída em 2016, o goleiro passou ainda por Gil Vicente (POR), Água Santa, Rio Branco-AC e Caldense, até chegar no Juventude, em 2019. Foi na passagem pelo clube gaúcho que Omar viveu o pesadelo da profissão.
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Naquele ano, parecia que tudo correria bem e a carreira iria novamente decolar. De volta a um clube de Série B, Omar conquistou espaço, e sondagens de clubes maiores começaram a aparecer. Foi quando recebeu a notificação do exame feito.
— Eu me lembro como se fosse hoje. Tinha uma suplementação que a gente tomava rotineiramente (arginina), porém estava com contaminação cruzada e infelizmente acusou ostarina na minha urina. É uma notícia extremamente ruim. Acho que nenhum atleta espera ser notificado pelo doping — disse emocionado ao recordar.
Com a notícia do teste positivo, Omar começou a procurar profissionais disponíveis para construir a defesa. Após um primeiro julgamento, que, por conta da pandemia de Covid-19, só foi acontecer um ano e oito meses após o teste positivo, o jogador foi suspenso por quatro meses.
Meses depois, o laboratório da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) entrou com um pedido de recurso e ele teve que passar por outro julgamento. No novo processo, recebeu a pena máxima de quatro anos de suspensão.
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— Foi um período de amadurecimento, de ampliar a visão e de entender que eu amo esse esporte. Ainda tenho uma carreira para completar e entregar. Agora é a página virada e entender que estamos de volta — avaliou o atleta.
O Nação estreia no Catarinense 2024 contra o Avaí no domingo (21), às 19h, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis.
Veja fotos do goleiro Omar com a camisa do Nação Araquari
Quatro anos fora dos gramados
Sem poder disputar partidas oficialmente, o contrato do Omar com o Juventude foi rescindido. O resultado final do julgamento, inclusive, veio quando o goleiro tinha negociações avançadas com o Náutico-PE, mas teve que encerrar as conversas quando soube dos quatro anos.
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Porém o goleiro não ficou parado. Neste período, procurou manter a forma física, treinou em academias e recebeu também convites de clubes para treinar nos centros de treinamento.
Para conseguir se manter financeiramente, resolveu investir e fundou a empresa MaxPerformance, que comercializa câmaras hiperbáricas e botas pneumáticas, equipamentos usados para recuperação de atletas de alto rendimento.
— Para o atleta não tem nada que se compare a rotina do trabalho do clube. Por mais que eu me empenhei nesses quatro anos para manter a minha forma física, nada se compara a essa rotina. Esse período longo passado ninguém está preparado — revela.
O acerto com o Nação e a quase ida para outro clube de SC
O contrato de um ano assinado com o Nação Araquari para o Campeonato Catarinense 2024 e Copa Santa Catarina não foi por acaso. O desejo de ter o goleiro na equipe foi de um amigo antigo de Omar: Renê Marques, Executivo de Futebol do clube, com quem disputou posição no Bahia em 2010 e conquistou o acesso no Brasileirão.
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— Foi muito engraçado. Eu estava trocando a fralda da minha filha, por volta das duas horas da manhã, quando o Renê me mandou uma mensagem e perguntou onde eu estava — disse.
No momento de volta para o futebol, Omar estava com um contrato assinado para ser jogador do Concórdia, que vai disputar a Série D 2024. Porém, voltou atrás após a conversa com o velho amigo.
— Ele falou para mim vir para cá, acreditar no trabalho. Ajustei com a equipe do Concórdia, organizamos um valor para pagamento de multa, para o clube não se sentir lesado, e não pensei duas vezes. Acredito muito nesse trabalho do Renê com o Tiago Reis e toda a comissão técnica — conta Omar.
Emocionado, ele agradece ao clube pela oportunidade e projeta um bom Campeonato Catarinense.
— Para mim, é como se eu fosse um menino. Quando entrei no alojamento, parecia que estava iniciando a minha carreira, saindo de casa com 12 anos. Quero fazer um grande trabalho com o Nação — afirma.
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O que é Ostarina, substância que afastou goleiro por quatro anos
A ostarina, que causou a suspensão de Omar, é uma substância que influencia diretamente nos receptores ligados aos hormônios androgênicos, em especial a testosterona. A substância tem ação anabolizante, aumenta a massa muscular, a força e a performance.
A substância em questão é proibida em competição e fora de competição. A ostarina, inclusive, é a mesma que causou a suspensão do atleta olímpico Thiago Braz, da jogadora de vôlei Tandara Caixeta e do jogador de futebol Manoel.
O acesso à ostarina só pode ser obtido, legalmente, com prescrição médica em farmácias normais e de manipulação. Para o Código Brasileiro Antidopagem, a presença dessa substância implica na imediata suspensão provisória do atleta, com julgamento em sequência.
*Sob supervisão de Lucas Paraizo
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