Após cerca de dois meses de investigação, a Polícia Civil de Ascurra, no Vale do Itajaí, prendeu quatro suspeitos de aplicar o “golpe dos nudes” em diversos moradores de Santa Catarina. A detenção ocorreu no Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (23) e a operação foi batizada de Fake Nudes. A quadrilha usava fotos íntimas das vítimas para exigir dinheiro.
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O delegado de Ascurra Ronnie Esteves foi às cidades gaúchas de Porto Alegre e Viamão para cumprir os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão de provas. Ele conta que, ao ser detido, um dos estelionatários ironizou as vítimas catarinenses que caíram nos golpes, afirmando que “são bons pagadores”. Ele faz referência, por exemplo, a um homem de Apiúna, que perdeu R$ 8 mil.
O que aconteceu com ele foi o mesmo relatado por diversas outras pessoas da região de Ascurra e de todo o estado: uma suposta jovem adiciona a vítima nas redes sociais e começa a conversar. O papo evolui para assuntos de conotação sexual e, após ela enviar fotos nuas, pede que o homem faça o mesmo. Logo depois de mandar as fotos, a pessoa recebe a ligação de um homem dizendo ser pai ou tio da garota.
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O suposto responsável pela menina revela que ela é menor de idade e que, por isso, a vítima deve enviar certa quantia. Do contrário, ameaça denunciá-lo à polícia. Houve casos em que um “delegado”, que usava fotografias de policiais gaúchos e mandado de prisão falso, exigiu dinheiro para não prosseguir com o inquérito. Obviamente, não havia menina na história, muito menos familiar e delegado.
Duas mulheres foram identificadas como autoras das mensagens trocadas. Elas usavam fotos de outras garotas para aplicar o golpe. Os dois homens eram o “familiar” e o “delegado”. Todos foram presos nesta sexta. Dois deles formam um casal e estavam no mesmo imóvel no momento da abordagem.
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— São diversas vítimas e nem todas nos procuram, por vergonha ou por serem comprometidas. Mesmo assim, todos os dias alguém vem denunciar que está sendo chantageado — diz o delegado.
No começo do mês a polícia de Itajaí desarticulou outra quadrilha que aplicava o mesmo golpe. Coincidentemente, os envolvidos também tinham relação com a penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul. Esteves explica que os grupos não agiam juntos, mas que nos dois casos a criação dos perfis falsos nas redes sociais começou quando alguns dos suspeitos ainda estavam presos.
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Extorsão e associação criminosa
Os quatro ficaram em unidades prisionais gaúchas enquanto aguardam o andamento do processo no Vale do Itajaí. Apesar da frase em tom de deboche dita informalmente aos policiais (que está no título da reportagem), oficialmente ninguém quis depor.
Esteves continua as investigações para confirmar se os donos das contas bancárias pelas quais a quadrilha recebia o dinheiro das vítimas sabiam do esquema. Foram diversas contas utilizadas para que os valores não pudessem ser bloqueados. Todas pertenciam a conhecidos dos criminosos.
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Os presos devem responder por extorsão e associação criminosa. Com o auxílio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio do Grande do Sul os agentes também apreenderam um Fiat Uno que teria sido comprado com o dinheiro das extorsões. Se a Justiça autorizar, o veículo será leiloado para que parte da quantia seja devolvida aos denunciantes.
— A lição que fica é: não mande fotos íntimas a desconhecidos pela internet. Se mandar, vai ser vítima, simples assim — alerta o delegado.
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