Análises de impressões digitais e outros indícios coletados pela polícia levaram à identificação de um suspeito de assaltar e matar o publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, na tarde de segunda-feira, em Porto Alegre.
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Nesta quarta-feira, a delegada Áurea Regina Hoeppel, da 6ª Delegacia da Polícia Civil da Capital (Vila Assunção), pediu à Justiça a prisão temporária do homem que atacou Kunzler a tiros para roubar R$ 44.250,00 quando ele chegava em um Civic em frente à portaria do condomínio onde morava no bairro Cavalhada, na zona sul da Capital.
A delegada também solicitou autorização para fazer buscas e apreensões. Tanto o nome do suspeito e os locais das buscas são mantidos em sigilo.
Os pedidos estão sob análise do juiz Alex Gonzalez Custódio.
– A Polícia Civil está fazendo todo o esforço para que a sociedade porto-alegrense tenha uma resposta o mais rápido possível – afirmou o magistrado.
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As solicitações da polícia foram embasadas em fragmentos das marcas de dedos deixadas pelo criminoso no Civic de Kunzler e de outras informações não reveladas pela polícia.
– A investigação está evoluindo bastante. Temos fragmentos de digitais, estatura física e outros indícios contra um suspeito. A prisão temporária serve para ajudar nas investigações – afirmou Áurea, evitando detalhar o trabalho policial.
Vítima era observada por “olheiro”
O suspeito de matar Lairson José Kunzler era caroneiro de uma motocicleta usada para perseguir o publicitário após ele deixar uma agência do Itaú, no bairro Moinhos de Vento, onde recebeu dinheiro referente à venda de uma fazenda da família, no limite entre Porto Alegre e Viamão.
O publicitário não era correntista, mas foi até o banco para trocar cheques por dinheiro. Não havia data prevista para esse pagamento, mas Kunzler teria sido avisado de que a quantia estaria disponível no final da manhã de segunda. Ele também estaria portando outros cheques os quais foram sustados para que não pudessem ser descontados pelos criminosos.
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A polícia sabe que a vítima era observada por um “olheiro” dentro do Itaú que viu Kunzler ser atendido em um setor à parte da agência, utilizado para saques de valores mais elevados, porém perceptível a quem presta atenção à rotina de atendimentos no banco. O olheiro estaria em uma fila e abandonou o local antes de ser atendido.
– Ainda existem dúvidas se este homem estava lá, aleatoriamente, em busca de uma vítima ou tinha informações de que a vítima estaria naquele horário no banco – disse a delegada.
Na quarta-feira, funcionários do Itaú foram ouvidos pela delegada. Eles levaram imagens das câmeras de segurança da agência, situada na Rua Hilário Ribeiro, com a movimentação de clientes entre a abertura, às 10h, e 11h40min – horário que Kunzler deixou o local. O conteúdo das cenas não foi divulgado.
– Aparecem muitas pessoas, gente sentada, gente que saiu sem ser atendida, vamos precisar analisar melhor as imagens – comentou a delegada.
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No meio policial, o crime é conhecido como “saidinha de banco”, no qual bandidos vestindo trajes elegantes frequentam agências bancárias, observando a movimentação de clientes que sacam valores expressivos e, depois, avisam comparsas que perseguem as vítimas nas ruas para roubar o dinheiro. Imagens de câmeras de vigilância de trânsito mostram o Civic do publicitário sendo seguido em um trecho da Avenida Otto Niemeyer.
O publicitário
Foto: Dulce Helfer, Agência RBS
Conhecido pelo temperamento afável, Lairson José Kunzler, 68 anos, era vice-presidente de relações com o mercado da agência de publicidade Paim, onde era sócio desde 2001. Ingressou na empresa a convite de outros dois sócios, Marcus e Cesar Paim, que o conheciam desde o tempo em que trabalhavam em outra agência da Capital, a Escala, que tinha como cliente a revenda Volkswagen GaúchaCar, criada pelo pai de Lairson, Selvino.
Foi no varejo de automóveis que Lairson iniciou a via profissional. Formado em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), ajudou o pai e irmãos a gerenciar outros negócios familiares como a revenda Fiat Jardim Itália, as locadoras de veículos Auto Locadora Gaúcha e Locarauto, assim como a concessionária de motocicletas GaúchaCross, da marca Honda.
– Foram pioneiras na locação de veículos no Rio Grande do Sul e na GauchaCar ao abrirem também à noite. Era uma pessoa muito afável – relembra o empresário Humberto Ruga.
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A partir de sua atuação na Paim, Lairson Kunzler também ganhou destaque em entidades representativas do setor. Era diretor da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e do Sindicato das Agências de Publicidade do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS).
– Era uma pessoa muito querida no mercado publicitário e tinha muitos amigos. Talvez um dos seus maiores prazeres era almoçar e jantar com amigos. Também era muito apegado à família. Uma figura doce, um cara de bom astral – recorda o diretor de marketing e novos negócios da Paim, João Batista de Cabral Melo.
Lairson Kunzler deixa a esposa Moema e os filhos André, Luciana e Patricia.