Após a Justiça decretar a prisão preventiva de Gilmar César de Lima, conhecido como Gil, 23 anos, suspeito de matar a pauladas o indígena Marcondes Namblá, 36 anos, na madrugada de Réveillon em Penha, a reportagem verificou que o rapaz também responde a um processo por tentativa de homicídio contra um homem em Gaspar, no Vale do Itajaí, em janeiro de 2017. Gilmar também é suspeito em processos por furto, roubo, lesão corporal, receptação e apropriação indébita.
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Em um dos casos do ano passado, o Ministério Público de Santa Catarina denunciou Gilmar à Justiça por tentativa de homicídio com as agravantes de motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima, qualificadoras que a Polícia Civil também suspeita terem ocorrido nas pauladas que mataram Namblá. A denúncia contra Gilmar ainda não foi analisada pela Justiça. O indígena, agredido por volta das 5h do dia 1º de janeiro, chegou a ser levado para o hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, mas morreu um dia depois.
Segundo a denúncia do MP/SC, Gilmar, na época com 22 anos e morador de Gaspar, teria, junto com outro comparsa, utilizado de um facão para agredir outro homem que consumia drogas na rua Arno Zimmermann, no bairro Gaspar Mirim. O fato ocorreu, de acordo com o MP/SC, na madrugada de 29 de janeiro de 2017 e o motivo seria a intenção e vontade de o agredido estar de posse da droga para usá-lo. Narra a denúncia que a vítima foi agredida no local e, depois, quando chegava ao hospital após ser socorrido por um motociclista, sofreu novos golpes de facão de Gilmar e outro homem:
“Fazendo uso de um facão atentaram contra a vida da vítima, desferindo-lhe golpes nas costas repentinamente (recurso que dificultou a defesa do ofendido), bem como nos braços e pernas, não causando a morte da vítima por circunstâncias alheias à sua vontade, pois esta foi socorrida e levada ao hospital municipal”, diz a denúncia, que acrescenta a informação de que Gilmar surpreendeu a vítima novamente no hospital, acertando golpes de facão na cabeça e pernas do agredido.
MP/SC instaurou inquérito em 2012 para apurar se Gilmar sofria maus tratos em casa
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Em 2012, quando Gilmar ainda era menor de idade, o Conselho Tutelar de Gaspar encaminhou ao Ministério Público a informação que o então adolescente “encontrava-se em situação de risco, com afronta a seus direitos, pois anda em más companhias, com traficantes e pessoas suspeitas de fazerem uso de substâncias ilícitas, além de que não possui laços afetivos com seu pai”.
O MP, então, instaurou primeiro um procedimento preparatório, para averiguar as denúncias, e depois um inquérito civil cujo extrato dizia “apurar denuncia dando conta da situação de risco e vulnerabilidade social suportada pelo então adolescente Gilmar César de Lima, usuário de entorpecentes e, supostamente, vítima de violência física perpetrada por seu genitor”.
Gilmar, na época, tinha 17 anos e faltava poucos meses para completar a maioridade. O inquérito tramitou alguns meses e, em 2015, o MP decidiu pelo arquivamento, visto “que o então adolescente atingiu a maioridade civil” e o inquérito tratava da situação de um menor de idade.