O principal suspeito de matar Margarete Zanella, 50, em Blumenau, teria enviado uma foto do corpo à filha mais velha da vítima na manhã desta quarta-feira (9), logo após cometer o crime. O caso é tratado como feminicídio pela Polícia Civil. Depois de esfaquear a ex-mulher, o homem de 62 anos tentou cometer suicídio, mas foi levado ao Hospital Santa Isabel, onde permanece internado em estado grave.
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A irmã de Margarete, Luzia Zanella, 60, conta que a sobrinha de 30 anos estava no trabalho quando recebeu uma mensagem por WhatsApp da mãe. Ao abrir a imagem, percebeu que se tratava do corpo de Margarete já sem vida. Ela chamou os socorristas, que seguiram para a casa do bairro Água Verde.
A filha e outros familiares chegaram na sequência. Os gritos de desespero foram ouvidos por alguns dos vizinhos, conta Airton Machi, 57, que mora na mesma rua. O corpo de Margarete foi levado pelo Instituto Geral de Perícias, que trabalha nesta tarde para concluir o laudo.
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— A gente tem máquinas de costura na sala encostada na parede deles. Sempre paramos de trabalhar às 10h. Foi justamente nesse intervalo, quando saímos de lá, que as coisas aconteceram — conta o vizinho.
Mãe de três
Luzia soube do assassinato pela internet. Ao ler a notícia, reconheceu o imóvel e deduziu que a vítima era a caçula dos 15 irmãos.
— Eu não consigo aceitar. Perdi meu pai e um irmão, mas foram fatalidades. Essa morte é diferente, tiraram a vida dela. Eu espero que ele sobreviva e pague pelo que fez — desabafa.
Após um relacionamento de dez anos com o homem, Margarete decidiu recentemente dividir o lar em que morava com ele. Porém, há cerca de três meses a união chegou ao fim. Luzia conta que por pena a irmã teria deixado o então ex-companheiro morar em um imóvel no mesmo terreno que ela.
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As construções pertenciam ao pai de Margarete. Há cinco anos ela foi viver com ele e a madrasta porque os dois idosos precisavam de uma cuidadora. Pediu demissão da empresa em que trabalhava no Garcia e passou a se dedicar aos dois. O pai morreu há dois anos, a madrasta no primeiro semestre de 2020.
Com a decisão de se mudar para a Água Verde, a casa em que morava antes, no bairro Fortaleza, ficou para a filha mais velha. Os outros dois filhos, de mais de 20 anos, também foram viver com os avós, junto com a mãe. Eles não estavam em casa no momento do crime.
Perfil agressivo
Segundo a Polícia Militar, o filho de Margarete já havia registrado um boletim de ocorrência contra o suspeito em 2017. Luzia lembra do motivo. Era aniversário do pai dela e o companheiro da irmã teria iniciado uma discussão com Margarete. O jovem quis defender a mãe. Brigou com o homem e chegou a ser ameaçado de morte. Ao tentar apaziguar a situação, Margarete caiu da escada e quebrou o braço.
O aniversariante pediu que a filha jamais perdoasse aquele homem agressivo, mas o relacionamento foi retomado. Após a morte do pai, os encontros com a família ficaram mais escassos e por isso Luzia não sabe como a situação estava mais recentemente.
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"Tinha um bom coração"
— Ontem eu encontrei ela no bairro e disse que passaria na casa do pai para conversarmos. Acabei atrasando as minhas coisas e não fui. Nunca imaginei que seria a última vez que veria minha irmã — lembra Luzia.
Ela ainda tem as mensagens que trocava com a irmã no celular. Brincalhona e dedicada aos filhos, Margarete gostava de jogar baralho e sair para dançar.
— Tinha um coração bom — resume Luzia.