Um caso de transfobia contra uma transexual em um bar de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, está sendo investigado pela polícia. A jovem, de 20 anos, afirma que foi agredida fisicamente e verbalmente por seguranças do estabelecimento na terça-feira (11). As informações são do G1 SC.
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De acordo com Alice Beatriz Souza, ela foi até o estabelecimento, que fica na 4º Avenida, junto com irmão e um amigo. Ao chegar no local, durante a cobrança da entrada, o estabelecimento teria a tratado no masculino, devido aos documentos dela ainda não terem sido regulamentados para o nome social.
— O dono colocou na comanda e foi cobrada a entrada masculina, pelo nome dos documentos que ainda estão no masculino. Nós tentamos explicar a situação, mas a mulher não quis [saber]. Mesmo assim, pagamos a entrada — explica.
Por conta da situação, ao sair do estabelecimento, ela solicitou aos donos a nota fiscal da comanda, a fim de provar que não teve a sua identidade de gênero respeitada. Foi nesse momento, segundo ela, que as agressões iniciaram.
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— Nós solicitamos a minha comanda, mas eles se recusaram a dar a nota fiscal. Nós insistimos, dizendo que era um direito nosso. Foi nesse momento que chamaram os seguranças para expulsar eu e o meu irmão, e eu comecei a ser agredida por eles e por pessoas que estavam na fila — relembra.
Segundo o boletim de ocorrência ao qual o Santa teve acesso, os donos do estabelecimento teriam dito “se retirem do local, travestis, senão vamos chamar o seguranças”. Os funcionários, então, teriam jogado a jovem no chão e a arrastado para fora do local.
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O irmão de Alice, que estava no local, tentou gravar toda a ação com o celular dela. Porém, segundo a jovem, ele teve o aparelho retirado das mãos por um segurança, que o quebraram e o arremessaram para longe. O objeto ainda não foi localizado.
— Nós tentamos explicar a situação, mas no final eles acabaram a agredindo, começaram a puxar e empurrar a gente. Ela foi arrastada de dentro do estabelecimento para fora — conta Luís Gustavo Costa Rosa de França, amigo de Alice e que também estava no local.
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Ainda segundo Alice, eles pediram ajuda para a Guarda Municipal de Balneário Camboriú. Porém, ao chegar no local, os agentes teriam rido da situação junto com os donos do estabelecimento.
Em nota, a Guarda informou que “repudia qualquer tipo de discriminação e racismo e que os guardas são orientados a atender ocorrências sempre que solicitados. Mas não há no sistema da corporação o atendimento desse caso. A Secretaria de Segurança do Município está de portas abertas para conversar e esclarecer os fatos. O comando vai apurar quem eram os guardas no plantão pra verificar o que aconteceu”.
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Nota fiscal não foi entregue porque não houve consumo, diz estabelecimento
Ainda na terça-feira (11), Alice foi até a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Balneário Camboriú e registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. Ela também passou por exame de corpo de delito na quarta-feira (12).
A Polícia Civil informou, por meio de assessoria, que um procedimento policial foi instaurado para apurar as circunstâncias.
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O estabelecimento onde supostamente ocorreram as agressões se manifestou por meio de nota enviada ao G1. O local confirma que não entregou a nota fiscal à Alice, mas não menciona as supostas agressões.
“Esta moça não recebeu nota fiscal em seu nome, pois não consumiu nada no estabelecimento. Foi entregue nota fiscal no nome do rapaz que a acompanhava, pois foi ele quem pagou pelas entradas, ou seja, nota gerada em nome dele e entregue em mãos”, diz o comunicado.
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