A nova diretoria, que assumiu provisoriamente o Sindicato dos Mineiros de Criciúma, no Sul do Estado, convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira para expor o que apurou até agora sobre as suspeitas de fraude da diretoria anterior. O caso é investigado pela Polícia Civil e já foi denunciado aos Ministérios Público, Federal, Estadual e do Trabalho.
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O presidente da comissão provisória, Djonatan Mafei Elias, aponta que, entre as atividades consideradas de má fé da administração anterior, está o último processo de eleição. Apenas uma chapa foi inscrita porque as informações e datas de inscrição foram publicadas em um jornal de Joinville, no Norte do Estado, e não na imprensa de Criciúma, como deveria ter acontecido.
– Eles não nos deram o direito de concorrer – reclama Elias.
No dia 24 de setembro, cerca de 400 trabalhadores decidiram em assembleia destituir o grupo, que se revezou na diretoria por 28 anos. Uma nova chapa assumiu o sindicato dos mineiros e passou a descobriu inúmeras fraudes da administração anterior.
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Segundo o advogado do sindicato, Chalton Schneider, a sede está em péssimas condições, o que indica que pouco foi investido na conservação do local. Além disso, o órgão tem dívidas que passam de R$ 1,5 milhão. Há indícios de desvio do dinheiro arrecadado dos associados, que deveria somar anualmente cerca de R$ 3 milhões, mas era registrado em torno de R$ 400 mil.
– Em termos criminais, podemos apontar desde desvios de recursos públicos até práticas anti-sindicais. Mas em termos de valores, a falsa prestação de contas pode chegar à casa de milhões. Tivemos conhecimento que o livro-caixa dos últimos 15 anos foi realizado em um dia. Compete às autoridades fazer as investigações e buscas necessárias para determinar a fraude e para onde foi esse dinheiro – aponta Schneider.
Outra suspeita de fraude envolve os atendimentos médicos. O sindicato tem um acordo com o SUS que envia dinheiro conforme o número de atendimentos realizados pelos profissionais. Entretanto, os médicos atendiam cerca de 80 pacientes por mês e o sindicato repassava um número até cinco vezes maior.
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Nos dias 22 e 23 de dezembro haverá uma nova eleição para diretoria do sindicato.
– Vamos continuar pagando contas, fazendo o melhor para o sindicato, administrar os bens que nós temos. Seria bom que duas ou três chapas concorressem, em um processo bem democrático – completa Elias.
A reportagem fez diversas tentativas de entrar em contato com o ex-presidente da antiga diretoria, mas seu telefone estava desligado.