Uma bateria em especial emocionou o público que assistiu às disputas da terceira fase do Hang Loose Santa Catarina Pro, na Praia da Vila, em Imbituba. Depois que os tops deixaram a água neste sábado, três surfistas mostraram que a barreira das ondas pode ser quebrada por todos os que acreditam no poder da superação dos limites.

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Rodrigo Lima, Sidnei Pavese e Marcelo Werner têm deficiência visual, mas surpreenderam na leitura das ondas na Vila. O trio foi ao mar com seus respectivos guias, subiu nos pranchão e mostrou que o surfe está além dos obstáculos. Marcelo, por sinal, é bacharel em direito e foi eleitor vereador de Itajaí.

Ele, Rodrigo e Sidnei são alunos da Associação Escola de Surf Amigos da Atalaia, em Itajaí (SC), e formam a turma de oito alunos que praticam o esporte nas aulas aos domingos. A entidade é sem fins lucrativos e tem como um dos fundadores o shaper Jailson Fernandes, de 42 anos. Ele se dedica ao trabalho há um ano e meio e faz isso por amor ao surfe e também pela força de superação dos seus alunos:

– É muito gratificante e já chegamos a chorar com a diante da capacidade que eles têm – contou Jailson, que acrescentou que alunos cegos aprendem mais rápido do que os que possuem a visão perfeita.

– Alguns enxergam um pouco, mas a maioria nunca teve contato com o mar ou nem sabia que se surfava em pé numa prancha – contou o shaper, que fabrica as pranchas usadas pelos alunos.

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Na água, os surfistas especiais são orientados pela narração, palmas, pelo sol e as ondas. A prancha tem algumas modificações como o uso do epóxi, para uma maior flutuação, de acordo com Jaílson.

Pelo lado dos alunos, a experiência de fazer uma exibição em meio a uma etapa do circuito mundial de surfe representou uma grande alegria e ao mesmo tempo um comprometimento com o esporte e a superação das dificuldades para a realização de um sonho. Este é o entendimento de Rodrigo Lima, de 23 anos, e que tem o nove vezes campeão mundial Kelly Slater como ídolo:

– Sempre quis surfar, mas nunca tinha tido oportunidade. Surfar aqui é uma honra e também uma responsabilidade – reconheceu Rodrigo Lima, de 23 anos, de Balneário Camboriú, que tem apenas 10% da capacidade da visão e pratica o esporte há dois anos.