Onde você estava e o que fazia aos 19 anos? Enquanto você revira o passado, o paulista Gabriel Medina treina para antecipar o futuro. Quer ser o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe profissional.
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Sobre a conquista do título inédito, a pergunta não é “se”, mas “quando”. Chamado de Neymar do surfe e futuro Kelly Slater – o mito norte-americano, 11 vezes campeão mundial -, Gabriel é, antes, um sortudo. E não só por viver 10 meses por ano viajando e pegando ondas perfeitas, mas por ter descoberto, aos oito anos, o que muitos não descobrem na vida inteira: sua vocação.
O combinado era que ele participasse do projeto Surfe com o DC, em que famosos pegam onda com uma das duas pranchas decoradas com páginas do jornal Diário Catarinense. No sábado, 26, à tarde, fomos até a Praia da Ferrugem, em Garopaba, local onde a sessão de surfe seria registrada e onde o atleta estava pela primeira vez para realizar ações de marketing no campeonato Rip Curl Grom Search.
Eis que entra em cena uma das variáveis com a qual todo surfista está acostumado: o clima. A sexta-feira anterior ao nosso encontro foi de água gelada. Gabriel foi surfar e passou frio. A água gelada, combinada ao vento Sul, deixou o craque das ondas com a garganta “querendo fechar”. Ainda tentei convencê-lo, com uma roupa de neoprene.
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Gabriel pensou, mas lembrou que não havia trazido os adesivos dos patrocinadores. Para um atleta profissional, não é permitido aparecer em público usando produtos que não sejam das empresas que o patrocinam. Se os adesivos estivessem lá, poderiam ser colados na prancha do DC.
Sessão de surfe cancelada, mas não a entrevista. Preparamos o ambiente com câmeras, gravadores e a prancha do DC ao fundo – que, se pudesse falar, pediria para ser usada por ele – como objeto de decoração. Durante a conversa, Gabriel não fugiu de nenhuma pergunta. Falou sobre dinheiro, as perdições da fama, Neymar e Kelly Slater.
Só interrompeu a entrevista uma vez, quando um grupo de surfistas-mirins se concentrou do lado de fora da pousada, em um andar abaixo de onde estávamos, e começou a cantar:
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– Medina, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!
A idolatria da garotada se justifica. É raro encontrar o futuro no presente. E Gabriel Medina tem consciência disso, embora a juventude não o permita pensar no amanhã. Seu tempo é agora.
“A torcida por um título mundial é um incentivo”
Diário Catarinense – Você é a aposta brasileira para o inédito título mundial. Se sente pressionado?
Gabriel Medina – Ter torcida e ser visto como uma esperança de título mundial é gratificante, mas também é uma responsabilidade bem grande. Mas entendo isso como um incentivo e não como pressão. Esse ano mesmo, o que mais ouvi foram críticas ao meu surfe. Mas as críticas me fazem melhorar.
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DC – E sobre as comparações com o craque Neymar. Vocês se conhecem?
Medina – Saíram muitas matérias falando de nós dois, comparando um ao outro. Ele é um moleque em quem eu me inspiro. É jovem, talentoso, soube lidar com mídia, fãs, críticas. Nos conhecemos na semana retrasada. Fui almoçar na casa dele. Eu estava em dúvida sobre como era o Neymar e ele é super gente boa.
DC – Ainda não se sabe se o Kelly Slater vai parar de competir ou não. A participação dele no circuito interfere no planejamento para buscar o título?
Medina – Não. Eu acho que os 34 que estão ali têm condições de conquistar o título. Se você for se preocupar só com um atleta, não vai adiantar muito não.
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Confira a entrevista com Gabriel Medina
Quem é Gabriel Medina
– Nascimento: 22 de dezembro de 1993 (19 anos)
– Natural de: São Paulo (SP)
– Peso e altura: 1m80cm e 64 quilos
– Habilidade: goofy (pé direito à frente)
– Mora em: Praia de Maresias, São Sebastião (SP)
– Shaper: Johnny Cabianca (Pukas)
– Onda preferida: Macaronis, na Indonésia
– Manobra preferida: tubo e aéreos
– Inspiração: Mick Fanning
– Se não fosse surfista: seria jogador de futebol
– Comida: arroz, feijão e bife
– Bebida: suco de laranja
– Melhor viagem: Mentawai (Indonésia)
– Quando não está surfando: Facebook e skate
– Posição no WCT: 7º, em 2012
– Posição no ASP One Ranking: 2º, em 2012
2012
Campeão do Nike Lowers Pro Prime (WQS), em Trestles (EUA)
2011
Campeão do Rip Curl Pro Search (WCT), em São Francisco (EUA); do Quiksilver Pro France (WCT), em Hossegor (FRA); e do SuperSurf International Prime (WQS), em Imbituba (SC)
2010
Campeão do Rip Curl Grom Search Internacional, em Bells Beach (AUS), e campeão mundial ISA Júnior Sub-18, em Piha Beach (NZ)
2009
Campeão mundial do Quiksilver King of Groms, em Hossegor (FRA); do Maresia Surf International (WQS), na Praia Mole, Florianópolis (SC); campeão nacional do Rip Curl Grom Search Sub-16 e do Quiksilver King of Groms – Sub-16
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