Surfe também é esporte de criança

Era uma vez vários surfistas. Eles gostavam de aventuras, não tinham medo de tubarões e deslizavam sobre ondas gigantes. Personagens apaixonados pelo mar, com pés sobre a prancha e sorriso no rosto, são os protagonistas de Histórias de Surfistas, uma encantadora obra de dois volumes assinada pelos gêmeos Ricardo e Eduardo Leal, oito anos.

Os livrinhos nasceram da paixão pelo surfe e pela literatura. Desde os quatro anos, a dupla encara ondas gaúchas e catarinenses, seguindo os passos do pai e descobrindo em cima da prancha o equilíbrio e a disciplina. Nos textos, brotam surpresas, como competições, morcegos, monstros e tubarões por meio de uma linguagem simples, típica da idade dos meninos em fase de alfabetização, com alguns errinhos de pontuação para não tirar o caráter informal da proposta.

– Eles começaram a surfar com quatro anos. Mas sempre deixo bem claro a importância de visitar galerias de arte, ler e desgrudar do computador. Não dá para ser surfista burro! – diz o pai dos guris, o advogado João Pedro Ibañez Leal.

O trabalho dos gêmeos surgiu da ideia de Eduardo. Há cerca de um ano, ele usava o computador para escrever um texto e achou que poderia ir além. Falou sobre o projeto com o irmão, e os dois começaram a se dedicar para colocar no papel contos sobre o mar. Ilustrações feitas por ele complementam os livros.

– Fomos surfando e imaginando como seriam as histórias. É tudo uma surpresa, ainda mais porque meu irmão não deixa eu ver o texto dele antes – conta Ricardo.

No último ano, uma viagem ao Havaí, nos Estados Unidos, ajudou a dupla a compreender melhor a filosofia do surfe e a treinar um pouco mais o esporte – mas somente quando ondas eram pequenas, lembra o pai. Ainda este ano, eles partem para uma viagem ao Triângulo das Bermudas, onde, possivelmente, se inspirarão para mais algumas histórias e terão mais incentivo pela literatura.

– É difícil ficar em pé na prancha, mas também ficamos muito cansados em dar autógrafos quando lançamos o livro – lembra Eduardo que, no futuro, quer seguir a profissão do pai.

A obra dos guris

Histórias de Surfistas (A+ Editora) é composto por duas obras de 40 páginas. É assinado pelos gêmeos Eduardo e Ricardo Leal, oito anos, e custa R$ 15 cada um.

Trechos

“Era uma vez um pequeno surfista que sempre se levantava às 6h para praticar o surfe. Ele continuou e de tanto praticar o surfe ele ficou muito bom. Então ele viu que estavam colocando ele em uma competição.

E ele se inscreveu na competição e chegou o dia da competição e ele tentou ganhar, só que ele pegou uma onda de cinco metros e caiu da prancha.

Ele perdeu a competição e foi embora para a sua casa triste e ele pensou que não tem que só praticar, também tem que descansar. E ele viveu feliz para sempre”

Eduardo, no texto O Surfista e A Competição

“Era uma vez um surfista que ia surfar e o surfista tinha planejado viajar para Bariloche de carro. O surfista foi assaltado e o surfista pediu a prancha emprestada para o amigo dele. E o surfista foi nadando até Bariloche com a prancha do amigo dele, e o surfista chegou em Bariloche e o surfista viu o hotel dele. Dormiu no hotel e, no dia seguinte, o surfista conheceu uma menina e foi para a casa com a menina. Eles se casaram e o surfista viveu feliz para sempre.”

Ricardo, no texto A Viagem do Surfista para Bariloche