O advogado rio-grandino Frank Peluffo, 42 anos, deixa o carro, ajusta a roupa de neoprene e ruma ao mar. Na mão direita a prancha, na esquerda um remo. Corta as ondas da praia do Cassino com os pés sobre uma prancha de stand up paddle.

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Criado no Havaí, o esporte que resgata os primórdios do surf, cresce em adeptos no Estado. Já possui inclusive sua Federação Gaúcha, formada em 2009. Segundo dados da entidade, são 80 praticantes, 15 deles na praia do Cassino.

O stand up paddle ou SUP, como é chamado a partir de sua abreviação, desperta atenção na orla do Litoral Sul. Em pé em uma prancha bem maior do que os modelos convencionais, os paddle surfers, supistas ou standapistas usam o remo para vencer a arrebentação e pegar as ondas. Dividem o espaço com os surfistas tradicionais, que aos poucos, fazem a migração.

– Surfo há 28 anos e descobri o SUP há nove meses. É um tesão, o remo facilita a chegada na onda. Se em duas horas na água eu pegava 15 ondas, com o SUP pego 50 – empolga-se Frank.

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O advogado foi apresentado ao esporte pelo amigo Marcio Moreira, 35 anos. Em 2008, ele foi ao Havaí e trouxe o primeiro stand up do Cassino _ uma prancha com remo varia de R$ 2 mil a R$ 5 mil.

– Surfei um ano sozinho. Demorou mas a turma vai aderindo – comemora.

O crescimento em Rio Grande tem explicação geográfica. Encontro das águas do Oceano Atlântico com a Lagoa dos Patos, a cidade oferece, além do surf, na praia do Cassino, outra possibilidade de uso do SUP: a travessia, feita em rios, lagos e lagoas.

– Usamos o SUP sempre. Quando tem onda, se surfa. Quando não tem, são as travessias. Gostamos de remar em noites de lua cheia, um passeio lindo – revela o instrutor Lucio Ribeiro, 32 anos.

A curva do esporte em Rio Grande acompanha o restante do país e do Estado, onde já aparecem os primeiros profissionais. Imbé e Torres são outros picos usados pelos gaúchos, que costumam migrar ao litoral catarinense – a praia de Ibiraquera recebeu em setembro uma etapa do Mundial de SUP.

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Um dos profissionais gaúchos é André Torelly, 29 anos, criador da Federação Gaúcha. Ele descobriu o esporte em 2006, em viagem à Costa Rica. Além de profissional, virou instrutor e fabricante de pranchas. Em Porto Alegre, faz travessias no Guaíba.

– É um esporte que vem para ficar, porque permite que uma criança ou um idoso pratiquem a travessia, por exemplo. E pode ser praticado em cidades sem mar, como Porto Alegre. Vamos ver cada vez mais gente remando – prevê André.