No dia em que a Boate Kiss pegou fogo, havia lotação superior a 1 mil pessoas em um espaço que comportava menos de 800. Barras de ferro instaladas irregularmente, próximo à porta, dificultaram a saída das pessoas. Além disso, no momento do incêndio, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira não avisou aosfrequentadores sobre o início das chamas. Nove pessoas serão submetidas ao Tribunal do Júri – proprietários da boate, dois músicos e dois bombeiros.

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Essas são algumas das informações apresentadas pelo delegado responsável pelo inquérito do incêndio na Boate Kiss, Marcelo Arigony. O relatório foi apresentado no anfiteatro do Centro de Ciências Rurais da UFSM. Segundo Arigony, foram realizadas cerca de 810 oitivas, em que foram colhidas informações determinantes para a conclusão do inquérito policial.

– O fator mais determinante (para a tragédia) é que tínhamos uma casa funcionando em situação de absoluta irregularidade – afirmou Arigony durante entrevista coletiva após a divulgação do inquérito.

Ao longo das investigações, a polícia criou um método capaz de quantificar algumas revelações apontadas por testemunhas:

Confira algumas das informações sobre os depoimentos colhidos:

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199 pessoas afirmaram que lotação era superior a 1 mil pessoas

83 pessoas falaram que o vocalista da banda utilizou fogos de artifício em sua mão e o ergueu em direção ao teto

50 pessoas declararam que havia mais fogos nas laterais do palco da Boate Kiss

181 pessoas viram que o incêndio se iniciou acima do palco

65 pessoas viram que jogaram água no foco do incêndio

108 pessoas declararam que o vocalista e um segurança tentaram usar extintor que não funcionou

153 disseram não ver luzes, placas ou sinais indicando saídas de emergência

84 pessoas afirmaram que seguranças impediram saída por segundos ou minutos

124 pessoas afirmaram que barras de contenção próximas à saída obstruíram a saída

178 pessoas afirmaram que havia fogos em outras ocasiões, inclusive com aromatizador de ambientes

18 pessoas afirmaram que não havia treinamento para uso de extintores nem orientação para evacuação em grandes tumultos ou incêndios, nem meio de comunicação imediato entre os funcionários da boate

24 pessoas confirmaram que houve diversas reformas na boate. Depoimentos indicam que eram feitas sem responsável técnico ou projeto aprovado

17 pessoas afirmaram que Mauro Hoffmann participava da administração e possuía poder de mando

47 pessoas confirmaram terem presenciado civis entrando no momento do incêndio e retirando vítimas. “Questão bastante relevante: alguns civis acabaram entrando e falecendo. Não foram contidas pelos bombeiros, acabaram entrando, salvaram diversas pessoas mas faleceram. Algumas delas foram inclusive estimuladas.”

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VÍDEO: polícia apresenta vídeos que embasaram indiciamento criminal

Divulgação do inquérito

Os delegados encarregados das 13 mil páginas de interrogatórios e perícias entregam, desde as 14h30min, o relatório do inquérito que aponta quem eles consideram responsáveis pelo incêndio que matou 241 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada do dia 27 de janeiro.

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