Sonho da população de Bagé de acabar com racionamento de água foi adiado. A Operação Paralelo 31-S da Polícia Federal parou o projeto da barragem de Arvorezinha, considerado a solução para o crônico problema da cidade, que agoniza com a carência de recursos hídricos há pelo menos três décadas.
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Também foi paralisado o Projeto de Irrigação da Costa Doce, em Arambaré. As fraudes somariam em torno de R$ 12 milhões. Cálculos preliminares revelaram que o desvio na barragem de Arvorezinha, que está 30% concluída, chega a R$ 1 milhão. Os outros R$ 11 milhões teriam sido desviados no projeto executado em Arambaré.
A notícia da paralisação da obra repercutiu na cidade. O procurador da prefeitura Igor Machado disse que irá se pronunciar sobre o assunto somente quando tiver acesso às informações. Nas ruas da cidade, na medida em que em os meios de comunicação revelam detalhes sobre a operação, a população vai mostrando indignação.
– Isto é muito ruim. Não tem ano, inclusive no inverno, que não tenhamos racionamento de água. Vamos torcer para que tudo se resolva logo- comenta a comerciante Lelis Canto.
Durante a entrevista coletiva na sede local da PF, um dos delegados encarregados do caso, Mauro Lima Silveira, disse que entende o que significa a paralização dessa obra para a cidade.
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– Sou morador do município há sete anos. Mas estamos fazendo cumprir a lei- conta.
O delegado fez um histórico breve da operação. A investigação na barragem de Arvorezinha começou há algum tempo, quando foi instaurado um inquérito para apurar danos ambientais. A partir disso começaram a aparecer outras conexões, que acabaram desembocando na operação Paralelo 31-S. Atualmente a fase da obra é de escavação, justamente onde a polícia encontrou irregularidades.
Dos 27 mandados de busca executados pela PF, sendo dois no Distrito Federal, dois no Tocantins e outros 23 no Rio Grande do Sul, um deles foi em Bagé. Agora uma equipe da PF bloqueia a entrada principal da barragem, enquanto agentes fazem buscas de computadores e documentos. A obra teria começado em 2011 e o prazo de conclusão previsto é de três anos.
Até o presente momento não há pistas do envolvimento de agentes políticos no esquema. Até o final do dia a prefeitura deve se pronunciar a respeito do caso.