Superdrones começaram a ser usados nesta semana na guerra contra os maruins em Luiz Alves, no Vale do Itajaí. O município enfrenta uma infestação dos mosquito e chegou a decretar situação de emergência por causa dos transtornos gerados pelo Ceratopogonidae. Esse é o nome científico do pequeno inimigo dos moradores da cidade de aproximadamente 13 mil habitantes.
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Os equipamentos têm capacidade para armazenar 20 litros do controlador biológico de maruins desenvolvido por pesquisadores a pedido da prefeitura de Luiz Alves. A primeira etapa de pulverização, que avalia o desempenho do trabalho com drones, ocorreu na quinta-feira (18) em áreas escolares e de maior circulação de pessoas.
Daqui a 15 dias um reforço deve ser feito.
A expectativa é de que em um mês os resultados da ação sejam sentidos, afirma o prefeito Marcos Pedro Veber. Ele explica que o produto é biológico, feito a partir rejeitos da fabricação de cerveja e não leva químicos na composição. Ainda segundo o gestor, o controlador altera o pH dos ovos do mosquito e impede que nasçam mais maruins, controlando a reprodução do inseto.
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Além da pulverização com drones, se estuda a possibilidade de fazer a aplicação com bombas.
Assista vídeo da pulverização com drones
De olho nos bananais
O maruim é uma espécie comum em áreas de manguezais e em plantações de banana. Não à toa, é velho conhecido dos moradores de Luiz Alvez, pois a cidade se destaca na produção dessa fruta, com expectativa de produzir neste ano mais de 130 mil toneladas nos 4,2 mil hectares. Mas combinações climáticas podem ter contribuindo para a infestação descontrolada.
— O maruim adora matéria orgânica e umidade. Então onde você tem matéria orgânica no solo, por exemplo dentro de um bananal, na beira de um rio, no gramado de uma casa, e tem umidade, isso favorece a reprodução, a postura dos ovos, o desenvolvimento das larvas e, por consequência, os mosquitos. Logo, períodos de muita chuva, muito calor, são sempre muito propícios — explica o entomologista e professor Marcelo Diniz Vitorino.
Para equilibrar a importância econômica dessa cultura com o bem-estar dos moradores, atormentados hoje pelas picadas do mosquito, o prefeito cita uma parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A expectativa é que o órgão ajude os agricultores a encontrar técnicas de manejo eficientes para reduzir a matéria orgânica oriunda do bananal.
Aliás, os trabalhadores das plantações têm sofrido fortemente por causa dos maruins. A praga não prejudica o cultivo, mas tira a paz dos agricultores. É que antes da infestação, a presença do mosquito era tolerável e o repelente dava conta de mantê-lo longe das pernas e braços. Mas com o prlblema, é quase impossível trabalhar sem ter de usar roupa comprida.
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Na propriedade de Henrique Mittelmann tem sido difícil encontrar pessoas dispostas a ajudar na lavoura.
— Tem muitos trabalhadores que já vieram, ficam para um dia de serviço, depois não voltam mais por conta do maruim, que atrapalha muito — conta.
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Veja fotos da infestação em Luiz Alves
Febre Oropouche
O maruim é um dos responsáveis pela febre oropouche. Entre os sintomas estão febre, dor de cabeça e muscular e manchas na pele. Segundo o Ministério da Saúde, casos isolados e surtos foram registrados na região Amazônica, mas não há registro da doença no Sul do Brasil. Entretanto, o prefeito de Luiz Alves conta que o município e a Secretaria de Estado da Saúde estudam a possibilidade de analisar amostrar de sangue de moradores da cidade coletadas por suspeita de dengue e que os resultados derem negativos.
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O objetivo é que o Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen/SC) possa apurar se existe a transmissão da febre oropouche na região.
A chegada do inverno deve reduzir a proliferação do mosquito. Um dos motivos é porque as fêmeas da espécie precisam de algumas substâncias que existem no sangue humano, como ferro, aminoácidos e proteínas, para amadurecer seus órgãos reprodutivos e larvas. Com o frio, as pessoas andam mais cobertas e logo reduzem a chance do maruim picar. Mas apesar de uma trégua a vista, não é possível baixar a guarda.
Assim como o Aedes aegypti, os ovos são resistente e podem esperar por muito tempo para eclodir, inclusive passando de uma estação para outra.
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