A união de duas gigantes americanas acentua a concentração no mercado aéreo mundial. Anunciada nesta quinta-feira, a fusão entre American Airlines e US Airways vai formar a maior companhia aérea do mundo, com faturamento estimado em US$ 40 bilhões.

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Segundo especialistas, o negócio não significa elevação no preço das passagens aéreas a curto prazo, mas isso deve ocorrer mais adiante. Para o consultor e ex-diretor da Varig, Nelson Riet, como as companhias apostam em operar com aeronaves maiores, com capacidade de carregar mais passageiros por trecho, pode acontecer, inclusive, redução no custo dos bilhetes.

– De imediato, é provável que haja até queda no preço, pois a empresa ganha em escala. Mas pode ser que no longo prazo o valor volte a subir porque haverá menos companhias no mercado – avalia.

O consultor projeta que, em 15 anos, apenas duas ou três empresas terão domínio internacional. As demais companhias funcionarão como alimentadoras, focando mais no mercado doméstico.

O negócio de US$ 11 bilhões segue outras megafusões ocorridas no setor americano. A mais recente havia sido a união da United com a Continental Airlines em 2010. Para sair do papel, no entanto, o negócio precisa ser aprovado pelo Tribunal de Falências dos EUA. Também está sujeito à aprovação dos acionistas da US Airways e dos órgãos reguladores, já que a American está em processo de recuperação judicial desde novembro de 2011.

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Conforme o acordo, Douglas Parker, diretor-executivo da US Airways, passaria a ser o principal executivo da nova empresa. Thomas Horton, diretor-executivo da American, assumiria a presidência do conselho de administração.

Respicio Espirito Santo Junior, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, lembra que as duas companhias também são resultado de fusões:

– Ou seja, vamos ter uma companhia operando onde antes atuavam quatro. Com certeza, em algum momento, o consumidor vai ser atingido por essa diminuição de opções.

Em busca de ampliação no Brasil

Na opinião de especialistas, mesmo não sendo afetado diretamente, o mercado brasileiro vai sentir os reflexos da união entre as gigantes norte-americanas. Segundo Respicio Espirito Santo, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, a fusão fortalece a American Airlines e pode significar uma ampliação dos seus negócios no Brasil.

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Respicio avalia também que nos próximos anos pode haver maior polarização entre as aliança aéreas – grupos de companhias que têm acordos de cooperação com o objetivo de compartilhar voos – no país.

– De um lado, a Gol com a Sky Team, e de outro, a TAM vinculada à OneWorld – afirma.

O Brasil também foi palco de união entre empresas aéreas recentemente. Em agosto de 2010 a TAM e a LAN criaram a Latam, a maior companhia aérea da América Latina. Em julho do ano seguinte, a Gol incorporou a Webjet. Já em maio de 2012, foi a vez da união entre Azul e Trip.

Um negócio nas alturas

O valor da fusão

US$ 11 bilhões, por meio de troca de ações.

Quando deve ser concluído

Primeiro, precisa ser aprovado pelo Tribunal de Falências dos EUA, pois a American está em recuperação judicial. Também está sujeita à aprovação dos acionistas da US Airways e dos órgãos reguladores do governo norte-americano. A expectativa é que a fusão seja concluída no terceiro trimestre de 2013.

Os termos do acordo

Os credores da American terão 72% da nova empresa, e a US Airways ficará com o restante.

Atividades

A gigante deve operar 6,7 mil voos diários para 336 destinos em 56 países.

Terá 94 mil empregados.

A frota é estimada em 1.522 aeronaves, das quais 898 da American e 624 da US Airways.