Depois de uma memorável versão no ano passado, com direito a uma das últimas apresentações de Amy Winehouse (1983-2011), o Summer Soul Festival volta a Florianópolis em 2012, com pinta de tornar-se um evento consagrado no calendário de shows do país.

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Hoje, o público do Stage Music Park terá uma noite e tanto ao som do cantor pop Bruno Mars, autor de hits como Grenade, Just The Way You Are e Talking to the Moon; da americana radicada na Inglaterra Florence Welch com sua banda The Machine, um dos maiores talentos a surgir na cena musical britânica; e o soul- pop sensual da também inglesa Rox.

Havia muita expectativa e até incerteza – já que o trio de atrações, apesar de bem-sucedido, é jovem -, mas as apresentações de São Paulo (terça-feira) e do Rio de Janeiro (quarta-feira) confirmaram que os eles mandam muito bem no palco. E o que é melhor: cada um do seu jeito, com personalidade.

Florence and the Machine

O que dizer do show de Florence and The Machine? Florence Welch é o tipo de pessoa que emana magnetismo mesmo quando está “à paisana”. Cabelos ruivos, olhos claros e penetrantes, não é um tipo que se vê todo dia. Então, a ideia é que fosse uma atração para gostos específicos – ela está entre o esotérico e a música indie.

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Mas o lado pop da moça se mostrou excelente no palco. Os pontos altos foram mesmo seus dois principais sucessos, You’ve Got the Love e Dog Days Are Over. Houve ainda uma homenagem a recém-morta Etta James (1938- 2012) – Something’s Got a Hold on Me.

Ao contrário da imagem que passa nos vídeos e nas fotos, repletas de estilo e clima, mostrou- se uma performer acessível e descontraída. Pulou e dançou de modo meio esquisito, mas empolgado. Com um vestido esvoaçante amarelo, parecido com uma canga, ela abriu o show de uma hora com Only If for a Night, de seu segundo disco, Ceremonials.

Ao vivo, canções que soam nos discos como mix de rock, soul e música ambiente ficam mais pesadas. E como ela canta! Visivelmente feliz por estar no Brasil, mostrou a bandeira verde-amarela e fazia “corações” com a mão. Mas o carisma que demonstra no palco pode ser o que falta para tornar- se uma mega-atração da música mundial.

Bruno Mars

O havaiano concorre ao Grammy – a entrega da premiação ocorre em fevereiro – em seis categorias, assim como Adele e Foo Fighters (o rapper Kanye West tem sete). O que significa isso? Significa que o jovem já está entre os grandes nomes do pop mundial, e os catarinenses vão assistir à apresentação de um artista na curva ascendente.

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Os shows no Rio e em São Paulo foram fantásticos. Impulsionados pela execução em rádios e trilhas de novela, os hits do cantor – Just the Way You Are, Talking to the Moon, Billionaire – foram cantados em coro pela plateia paulistana. Mars demonstra que é não apenas um produto de mercado, mas um ótimo compositor. Em sua geração, é o que melhor compacta melodias e refrões grudentos, letras sexy e divertidas. Além disso, não apela para as superproduções no palco. Fica à frente da banda, com o violão ou a guitarra e sua boa voz.

O show do Rio foi tão bom quanto o de São Paulo. Detalhe: uma intoxicação alimentar quase impediu a sua performance na Arena Multiuso da Barra da Tijuca. Vestia uma camiseta oficial e personalizada da Seleção. Com um jeito meio juvenil – um dos motivos pelo qual costuma ser comparado ao Rei do Pop, Michael Jackson – e animado, dedilhou a versão em inglês do hit de Michel Teló, Oh, If I Catch You ( Ai, se Eu Te Pego), no meio de The Lazy Song.

– Aprendi isso hoje – explicou à plateia.

Rox

A cantora inglesa é talvez a atração menos conhecida do trio de cantores deste Summer Soul. O que não significa que seja uma artista menor. Parece ter muito mais experiência do que seus 23 anos – se bem que começou a compor músicas ainda criança.

Nos dois shows que fez esta semana no país, a inglesa esbanjou sensualidade, muitos sorrisos e simpatia. Ela vestiu um longo azul de lantejoulas e sapatos vermelhos. Mas as atenções voltaram-se mesmo à voz, ao mesmo tempo poderosa e aveludada de Rox.

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Sua música mais conhecida no país, My Baby Left Me (da trilha da novela Araguaia), foi um ponto alto. I Don?t Believe, o outro sucesso, teve direito a uma apresentação cheia de energia. A cantora agradou a plateia quando empunhou a guitarra e tocou uma versão mais lenta e suingada de Only Girl (In the World), hit da cantora Rihanna.

Rox também mostrou-se bem confortável quando embarcou no balanço do reggae (em Rocksteady e Breakfast in Bed, essa com citação de You Don?t Love Me, de Dawn Penn). O soul da moça é potente e a performance é divertida sem apelar para nenhuma esperteza além da boa pegada da banda e o ótimo vocal.