Quem passou pelo Lago da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, notou o sumiço dos patinhos nos últimos dias. Os animais não foram mais vistos entre os adultos, o que era incomum e levantou uma hipótese: eles podem ter sido alvo de predadores.
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A comoção da comunidade universitária ganhou as redes sociais, com mensagens até de luto pelos animais:
eu tô muito de luto pelos patinhos da ufsc
— ali cê (@tagaralicelopes) October 16, 2023
No entanto, o professor Guilherme Brito, do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica Catarinense (Laboac), não chegou a ser pego de surpresa pelo desaparecimento dos patinhos. Agora, o lago onde eles ficavam conta apenas com os três adultos, além das outras espécies que circulam no local.
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— Eu imaginava que iriam ter predações, mas tinha esperanças de um ou outro ficar. Mas faz parte, também, fazer o exercício de observar e entender a natureza como ela é, sem tentar incutir nossos anseios nela —, afirmou.
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Brito tem um trabalho de levantamento das aves no campus Trindade, e explica os potenciais predadores que podem, eventualmente, capturar filhotes e ovos dos patos no lago. Entre eles, os lagartos teiú, que predam ovos; jacarés-de-papo-amarelo, algumas espécies de gaviões e falcões, ou grandes garças, que podem predar os filhotes.
Por serem menores, mais inexperientes e indefesos, os patinhos são alvos mais frequentes de predadores.
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— Os pais podem sim protegê-los, mas também depende da experiência dos animais com as proles. Pelo histórico dos patos do lago essa é a primeira ninhada —, explica. O melhor mecanismo de proteção dos filhotes é a proximidade dos pais, além de uma plumagem mais discreta e que se confunde com o ambiente, possibilitando que se escondam quando percebem ameaça.
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Além disso, gatos e cães domésticos e de rua são potenciais predadores, por isso, segundo o professor, não é recomendável deixá-los soltos onde há filhotes.
Veja fotos dos patinhos:
Adultos podem nem ter percebido sumiço dos patinhos
Segundo o professor, o trio de adultos, incluindo o pai e mãe dos filhotes, pode não ter nem percebido o sumiço dos filhotes, que foram desaparecendo pouco a pouco. Ele explica que estudos verificaram a capacidade de contagem de galinhas em relação aos filhotes, mas, aparentemente, os adultos só percebem a falta de algum quando uma quantidade considerável desaparece de uma vez. Uma teoria semelhante pode ser aplicada aos patos.
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Como não se sabe o histórico dos adultos, é difícil avaliar a possibilidade de novos filhotes no cenário do campus no futuro. Uma segunda fêmea mais nova já está no local, e provavelmente tem a prole viável.
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— Há registro de tentativa e ovos colocados em anos passados, então é bem possível que se reproduzam novamente —, explica Brito. — Ali no lago não vejo uma solução fácil a não ser deixar a natureza seguir seu curso e alguns filhotes conseguirem atingir a fase adulta. Não sou favorável ao afugentamento de predadores, por exemplo.
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