Assim que surgiram os primeiros casos de coronavírus em Santa Catarina, há pouco mais de um mês, o Sul do Estado logo apareceu na lista. A partir de Braço do Norte, a doença começou a aparecer em outras cidades da região, que hoje concentra o maior número de mortes em razão do Covid-19. São 11 dos 26 óbitos confirmados pelo Governo do Estado até segunda-feira, 13.

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Com quatro mortes em Criciúma, a cidade é a que tem mais óbitos em todo o Estado. Tubarão registrou duas mortes, e São Ludgero, Pedras Grandes, Balneário Gaivota, Sombrio e Urussanga tem uma cada. Quatro delas foram de pessoas entre 70 e 79 anos; três de jovens de 30 a 39 anos; duas de 80 a 89, uma de 40 a 49 e uma acima de 90 anos. As vítimas fatais foram sete mulheres e quatro homens.

Em Criciúma, a transmissão iniciou a partir de pessoas que tinham feito viagens ao exterior, segundo o secretário municipal de Saúde Acélio Casagrande. Os primeiros casos e internações foram registrados na rede privada de saúde, mas antes disso, essas pessoas acabaram passando o vírus para frente.

A partir de festas e outros encontros, o Covid-19 se espalhou pela região, que hoje tem 170 dos 826 casos confirmados até segunda-feira, 13. Os pacientes do Sul representam 20,58% dos doentes contabilizados em Santa Catarina.

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— A gente conversa diariamente com um grupo de infectologistas, pneumologistas, temos feito análises sobre o volume de casos na região, mas não há uma definição exata do por que os números são esses — comenta Casagrande.

Porém, como a doença chegou até aqui, é um dado confirmado pelos especialistas.

O que sabemos é a origem, como surgiram os primeiros casos. Como as aglomerações aconteceram na hora em que essas pessoas estavam no auge da transmissão, o vírus se alastrou — explica o secretário.

Assim que o paciente é testado para o Covid-19 em Criciúma, automaticamente ele é tratado como se tivesse o vírus, explica Casagrande. Ou seja, vai para o isolamento e tem monitoramento constante, até que chegue o resultado laboratorial. A medida é mais uma adotada para frear a propagação do vírus na cidade.

(Foto: Arte NSC Total)

Para o infectologista Raphael Elias Farias, ainda não é possível afirmar do ponto de vista epidemiológico porque o número de casos é mais expressivo na região. Ele explica que as taxas de mortalidade devem diminuir em proporção assim que mais pessoas forem testadas, e afirma que as medidas restritivas foram importantes para tentar frear a disseminação do vírus.

— O isolamento social tem se mostrado efetivo. Por mais que ainda não tenha testagem em massa na população, o quantitativo de casos graves internados têm mantido a média, não tem ocorrido uma crescente de pacientes — explica.

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Uma das explicações para que a doença tenha se espalhado pelo litoral é pela concentração urbana e também pelo fluxo intenso de pessoas em trânsito pelas cidades, segundo análise do geógrafo Eduardo Augusto Werneck Ribeiro. Ele é professor do Instituto Federal Catarinense, que participa de uma rede nacional de estudos da doença no espaço geográfico brasileiro.

Segundo o Governo do Estado, como o primeiro caso de transmissão comunitária do novo coronavírus em Santa Catarina ocorreu na região Sul, esse é um dos fatores que ajuda a explicar as estatísticas para esta área. Conforme a resposta do Estado, a letalidade da Covid-19 inclui uma série de condicionantes, como o histórico médico do paciente, sua idade e outros fatores de risco. "Vale ressaltar que a Secretaria de Estado da Saúde acompanha a evolução dos casos com atenção em todo o território catarinense", complementou.

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