Com o aumento das exportações, os suinocultores catarinenses estão investindo na ampliação das criações. Só que esse empreendedorismo está enfrentando problemas com a falta de agilidade de órgãos do governo, em especial o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
Continua depois da publicidade
Devido à falta de pessoal para emitir as licenças ambientais necessárias, produtores estão esperando quatro, cinco, seis meses ou até um ano para conseguir iniciar a produção. Alguns estão com as pocilgas prontas, com financiamento no banco, mas não conseguem alojar os animais para depois vender e pagar as prestações.
Diante do impasse o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, José Zeferino Pedrozo, resolveu cobrar uma solução para o Governo do Estado de Santa Catarina.
— A situação está ficando insustentável — disse o dirigente.
Ele citou o exemplo da Cooperativa Central Aurora Alimentos, que está investindo mais de R$ 200 milhões para ampliar o abate de cinco mil para 10 mil suínos por dia numa de suas unidades em Chapecó. Para isso precisa alojar 420 mil suínos no campo. Sem as licenças, o projeto, que inicia em outubro e deve atingir o pico em maio do ano que vem, gerando mais dois mil empregos, pode atrasar. A indústria pode ficar pronta e faltar matéria-prima.
Continua depois da publicidade
Pedrozo sugere ao IMA a adota o modelo já utilizado na avicultura, do Licenciamento por Adesão e Compromisso (LAC). Nesse modelo o produtor presta as informações, como é feito na declaração do Imposto de Renda, e já começa a produzir. A fiscalização pode ser feita depois, conferindo se está tudo certo, em forma de auditoria.
— Ninguém vai investir mais de R$ 500 mil num empreendimento agrícola sem seguir as normas técnicas e ambientais, ainda mais num empreendimento tão fortemente vigiado e regulamentado — destacou.
O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio de Lorenzi, também sugere que o governo adote o modelo da avicultura, ou então contrate mais pessoas para analisar, emitir e vistoriar as licenças.
— Temos recebido muitas reclamações de produtores que não conseguem as licenças. Eu mesmo fiz um protocolo de pedido em 2015 e ainda não foi vistoriado. Isso que nossa propriedade é modelo — destacou.
Continua depois da publicidade
Ele afirmou que até outros problemas estão surgindo, como não liberação de financiamentos anunciados pelo Plano Safra, por falta de licença ambiental.
As exportações de suínos aumentaram 42% no primeiro semestre de 2019, passando de US$ 276 milhões em 2018 para US$ 392 milhões, contanto apenas o período de janeiro a junho.
A assessoria de imprensa do Instituto do Meio Ambiente informou que havia um convênio com o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne), mas que foi extinto por recomendação do Ministério Público, o que acabou represando a demanda. Mas um novo convênio foi firmado com a Secretaria da Agricultura para dar apoio nas emissão das licenças.
Confira a nota:
“O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) esclarece que atua para regularizar a situação das licenças ambientais de suinocultura. Neste sentido, firmou convênio com a Secretaria de Agricultura para apoio técnico no licenciamento, o que deve, em breve, normalizar a emissão de licenças da atividade.
Continua depois da publicidade
Com relação à avicultura, o IMA destaca que o setor foi o primeiro beneficiado com a LAC – Licença por Adesão e Compromisso. Desde agosto de 2018, esta modalidade de licenciamento está disponível, permitindo a autorização ambiental de forma imediata e online, desde que atendidas todas as exigências e anexada documentação necessária. Portanto, os avicultores podem optar pela LAC recebendo a licença de maneira digital e inovadora.”