País da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o segundo maior número de solicitantes de asilo per capita entre janeiro e novembro do ano passado, a Suécia anunciou na quarta-feira que prepara a expulsão de até 80 mil migrantes cujo pedido para permanecer no país foi ou será rejeitado.

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– São 60 mil pessoas, mas isso pode aumentar até 80 mil – afirmou o ministro sueco do Interior, Anders Ygeman, ao jornal financeiro Dagens Industri, acrescentando que o governo solicitou à polícia e ao Departamento de Migrações que organizem as expulsões.

Suécia deve rejeitar pedido de asilo de até 80 mil refugiados

Mais de 1 milhão de migrantes, entre eles um grande número de sírios, chegaram à Europa em 2015, provocando a crise migratória mais grave do continente desde a II Guerra Mundial. Apesar do inverno, que torna mais difícil e perigosa a navegação, milhares de refugiados continuam aportando cotidianamente nas praias europeias. Os trágicos naufrágios, com dezenas de mortos, se sucedem, e a União Europeia (UE) acusou a Grécia, principal porta de entrada dos refugiados, de não proteger suficientemente suas fronteiras. O governo grego negou energicamente a acusação.

Em razão da falta de uma coordenação eficaz para regular a chegada de refugiados, alguns estados da UE constroem muros ou barreiras para frear a circulação de pessoas. Outros restringem o direito de estada.

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Nova tragédia resulta na morte de 44 migrantes no Mar Egeu

A Suécia, que em novembro passado restabeleceu o controle nas fronteiras, está recebendo 10 vezes menos refugiados que antes, mas tenta se desfazer das pessoas que tiveram seu pedido de asilo negado e não podem permanecer em seu território. As expulsões se efetuam habitualmente em voos comerciais, mas, visto o atual número de migrantes, Ygeman apontou o eventual uso de voos charter, especialmente fretados para as devoluções.

Finlândia negará visto de permanência a 20 mil

Em 2015, 163 mil refugiados apresentaram pedido de asilo na Suécia. Proporcionalmente, esse número equivaleria a 1,3 milhão solicitantes de asilo à Alemanha, com seus 80 milhões de habitantes – o número de pedidos recebidos por Berlim no mesmo período foi de 1,1 milhão. Dos 58,8 mil casos tratados no ano passado, o Departamento de Migrações sueco aceitou 55%. A partir desse dado, o ministro calcula chegar a 80 mil expulsões, no máximo.

O governo sueco anunciou a medida dois dias depois do assassinato de uma professora por parte de um adolescente estrangeiro de 15 anos em um centro de menores de Molndal, perto de Gotemburgo (sudoeste). O drama colocou em evidência, além disso, a lotação do sistema de acolhimento e o peso assumido por algumas cidades, e por isso o governo decidiu obrigar localidades mais resistentes a receber refugiados.

A Finlândia, por sua vez, pretende expulsar 20 mil migrantes que chegaram em 2015 e cujo pedido de asilo foi ou será rejeitado, indicou ontem o Ministério do Interior finlandês após o anúncio sueco. Helsinque insiste na rejeição de dois terços dos 32 mil requerimentos de asilo registrados no ano passado pelos serviços de imigração, informou Païvi Nerg, chefe de gabinete do ministro.

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A Grécia está sob pressão das autoridades europeias para reforçar o controle de fronteiras a fim de evitar o desembarque de migrantes em suas praias. Ontem, corpos de 24 migrantes, incluindo 10 crianças, foram recuperados pelas autoridades da Grécia perto da ilha de Samos, no Mar Egeu, após um novo naufrágio.