A Suécia se tornou o primeiro país da União Europeia a reconhecer o Estado da Palestina, em uma iniciativa considerada “corajosa e histórica” pelo presidente palestino, Mahmud Abbas, e “lamentável” por Israel.
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Segundo a Autoridade Palestina, 135 países reconhecem o Estado da Palestina, incluindo sete integrantes da União Europeia que tomaram a iniciativa antes de entrar para o bloco: República Tcheca, Hungria, Polônia, Bulgária, Romênia, Malta e Chipre.
A decisão “confirma o direito dos palestinos à autodeterminação”, afirma a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallstrm, em um artigo publicado no jornal Dagens Nyheter.
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“Nosso governo considera que os critérios do direito internacional para o reconhecimento do Estado da Palestina estão cumpridos: um território que, mesmo sem fronteiras fixas, conta com uma população e um governo”, completa o texto.
“Esperamos que isto mostre o caminho a outros”, destacou a ministra.
– O presidente Abbas comemora a decisão da Suécia, que é corajosa e histórica – afirmou o porta-voz do líder da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeina.
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O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, afirmou em um comunicado que o reconhecimento é “lamentável” e servirá apenas para reforçar o extremismo.
– O governo sueco deve entender que as relações no Oriente Médio são mais complicadas do que a montagem de um móvel da Ikea (a gigante sueca dos móveis), e que deve atuar com responsabilidade e sensibilidade no assunto – completou.
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Além disso, Israel convocou seu embaixador em Estocolmo para consultas.
– Isto reflete nosso mal-estar (…) diante de uma decisão inútil, que não contribui para uma eventual retomada das negociações de paz com os palestinos – declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon.
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O embaixador israelense, Isaac Bachman – no cargo desde 2012 -, foi convocado para consultas por um período indeterminado, segundo o porta-voz.
A Suécia, que tem uma grande comunidade palestina, tomou a iniciativa em um momento no qual os esforços para solucionar o conflito palestino-israelense parecem mais uma vez bloqueados.
Abbas relacionou a frustração crescente entre os palestinos com a falta de um acordo à tensão dos últimos dias em Jerusalém.
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– O presidente pede a todos os Estados do mundo que ainda tenham dúvidas sobre nosso direito a um Estado palestino independente, dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital, que sigam o exemplo da Suécia – disse o porta-voz.
Preparação do caminho
Após o anúncio da Suécia, feito em outubro, o reconhecimento da Palestina foi debatido de maneira simbólica pela Grã-Bretanha, enquanto a França considerou que “é chegado o momento”.
– É realmente difícil dizer quantos países darão o passo e seguirão a Suécia – disse Michael Schulz, pesquisador da Universidade de Gotemburgo e especialista em conflitos.
– No que diz respeito à União Europeia (para um reconhecimento da Palestina), todos os Estados devem concordar. Por isso, é pouco provável – admitiu, antes de afirmar que, a curto prazo, a decisão de Estocolmo “não mudará grande coisa”.
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– Depois, teremos que ver a reação de Israel, se vai continuar com a política de colonização ou se fica mais prudente – completou.
– A iniciativa sueca terá um efeito diplomático que eventualmente pode virar uma bola de neve – declarou à agência TT o professor de Direito Internacional Ove Bring.
– Politicamente é um êxito psicológico para a Palestina e para os que apoiam a solução de dois Estados – concluiu.
*AFP