Cresci em uma época em que as pessoas acreditavam que “ter sucesso profissional” era passar a vida inteira trabalhando no mesmo lugar. “Fiz carreira na empresa tal, entrei menino e só saí de lá depois da aposentadoria”, era o máximo que alguém podia dizer sobre o êxito de sua vida profissional. Lembro bem que as pessoas mostravam com orgulho a carteira de trabalho, com apenas uma ou pouquíssimas contratações. “Crescer dentro da empresa” durante muito tempo foi a fórmula do sucesso. Hoje, observo que isso mudou bastante. Não é o tempo de casa que importa, mas a qualidade do trabalho e as oportunidades de crescimento e de viver novas experiências no dia a dia.
Continua depois da publicidade
Nós, mais velhos, sempre fomos muito apegados ao nosso local de trabalho. Com os jovens é bem diferente. Eles têm a mente mais aberta, não tem medo de enfrentar desafios e são bem menos acomodados. João, 28 anos, é um exemplo. Trabalhava em uma empresa de tecnologia e estava feliz lá. Até aparecer uma vaga em outro local, que parecia mais desafiadora. Deixou a comodidade de lado, passou no processo seletivo e mudou de empresa. Pouco tempo depois, surgiu outra oportunidade, num local que parecia mais desafiador ainda, além de um salário melhor. Diz que está feliz lá, mas que está sempre aberto a negociações.
Por outro lado, muitos brasileiros dizem ainda ficar receosos sobre acumular experiências curtas em diversas empresas. A consultoria Catho desmistifica: hoje, o tempo de permanência nos empregos tende mesmo a ser menor. Os recrutadores priorizam apresentações claras e objetivos de histórico profissional, sem esquecer os dados de contato completos e visíveis. “O importante é permanecer nas empresas pelo tempo em que o desenvolvimento e os desafios ainda existam. A mudança vem da necessidade de crescer e aprender, gerando satisfação”, diz Cláudia Moreira , que atua com gerenciamento de projetos e acumula diversas empresas em seu currículo, como White Martins e Oi. Hoje está na Bayer e aconselha que as pessoas considerem, em primeiro lugar, o crescimento profissional.
Pesquisa recente realizada pela Randstad, empresa holandesa de soluções em Recursos Humanos, elencou as razões que fazem o trabalhador não trocar de emprego: a remuneração, o ambiente de trabalho e a progressão na carreira aparecem nos primeiros lugares. O que todos consideram essencial é trabalhar em uma empresa que ofereça oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, assim como desafios constantes.
Continua depois da publicidade