Anitta tem música na novela. Anitta está no topo do iTunes. Anitta é inquilina de programas de TV e conquistou lugar cativo no rádio. Anitta tem agenda lotada pelos próximos meses. Anitta arrasta multidões em seus shows.
Continua depois da publicidade
Anitta é meiga, atrevida, má e poderosa. Como diz seu maior hit: pre-para.
Carioca de 20 anos, Larissa de Macedo Machado é mais uma cria do YouTube: há quatro anos, foi descoberta na rede social por meio de vídeos em que cantava covers de funk e ensinava técnicas de rebolado. Apadrinhada pela produtora Furacão 2000, inspirou-se na minissérie Presença de Anita, adaptação de 2001 do livro de Mário Donato, para criar sua personalidade artística e lançar, em 2010, a primeira música de trabalho, Eu Vou Ficar. Desde então, começou a frequentar o circuito de bailes do Rio de Janeiro e, em pouco tempo, na esteira de outras musas do funk, ganhou aprovação dos homens, pelo rostinho bonito, indumentária mínima e coreografias provocantes, e das mulheres, pelas letras de exaltação ao poder feminino.
Desde Tati Quebra Barraco, mulheres ganham espaço no funk exaltando poder feminino
Mas o funk foi apenas a plataforma de lançamento para Anitta. Do gênero, a cantora aproveita hoje apenas o discurso apimentado e o guarda-roupa. Assim como Naldo, que saiu das comunidades cariocas para fazer sucesso em todo o Brasil e no Exterior, Anitta diluiu o tamborzão característico do funk em favor de uma sonoridade mais pop e, consequentemente, mais acessível.
Continua depois da publicidade
Seu grande hit, Show das Poderosas, por exemplo, não tem nada de funk, lembrando mais a mistura de R&B e pop eletrônico de Beyoncé e Rihanna. Meiga e Abusada, música que ela emplacou na novela Amor à Vida, segue na mesma linha. Para o editor da revista Rolling Stone, Pablo Miyazawa, criar uma música mais acessível é um dos fatores que explica o sucesso de Anitta, mas não o único.
– Ela tem uma espontaneidade que lhe dá credibilidade. Não é uma criação de gravadora, é uma artista natural, com conceitos próprios e bem trabalhados – analisa.
A mania por Anitta pode ser medida de várias maneiras. A primeira é ligar a TV: a qualquer hora do dia, é cada vez mais comum topar com ela cantando, dançando e sendo entrevistada – do Fantástico ao programa da Ana Maria Braga. A agenda de shows pelo país, totalmente fechada pelos próximos três meses, é outro indicativo da popularidade que Anitta alcançou.
Para se ter uma ideia, a cantora levou sete mil pessoas a seu primeiro grande show, em março, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. A falta de repertório próprio – Anitta tem apenas quatro músicas disponíveis para compra no iTunes – é compensada por covers que entregam suas referências musicais, como trechos de funks (Fala Mal de mim, Adultério e Novinha Safadinha) e hits internacionais (Crazy in Love, de Beyoncé, e Diamonds, de Rihanna).
Continua depois da publicidade
– Essa é uma das poucas dúvidas a respeito de Anitta, se ela tem fôlego para consolidar uma carreira de fato. Eu gostaria que sim, porque temos uma carência de artistas assim no Brasil – aponta Miyazawa.